No amanhecer, o primeiro caminhão-pipa da cidade passou sob o prédio do apartamento. A música que tocava no alto-falante era uma das favoritas de Helena, chamada "O adeus é um estranho".
Um raio tímido de luz da manhã atravessou o quarto, fazendo a cortina ondular suavemente.
Bruno já não estava ao seu lado na cama.
Na noite anterior, ele não a forçou a nada, apenas despertou várias vezes e a beijou outras incontáveis vezes...
Parecia estar se contendo havia muito tempo. E, entre aqueles beijos sonolentos e entrecortados, Helena teve a impressão de ouvir Bruno murmurar:
— Helena, vamos recomeçar.
Recomeçar...
Essas palavras tinham um poder quase irresistível para Helena, mas os sofrimentos do passado a deixavam receosa. Aquele dia no Clube Furtivo, a expressão furiosa de Bruno também a assustou. Ela temia que, no fim, tudo não passasse de um sonho efêmero.
Nos dias que se seguiram, Bruno veio vê-la por três ou quatro noites seguidas.
Nada de extraordinário aconteceu.