Inteiros na Manhã
O primeiro raio de sol atravessou as cortinas como um dedo dourado, tocando o contorno dos corpos ainda entrelaçados sobre o lençol desalinhado.
Clara abriu os olhos lentamente, percebendo o calor tranquilo que vinha de Miguel adormecido ao seu lado.
A respiração dele era profunda, o peito subia e descia num ritmo que fazia lembrar ondas mansas.
Por um segundo, ela quis apenas observar:
A barba curta iluminada em tons de mel, o braço estendido protegendo sua cintura, a paz recém-aprendida estampada no rosto.
Deslizou para fora da cama sem fazer barulho, recolheu a camisola caída no chão e caminhou até a janela.
Do lado de fora, o jardim parecia renascer sob a luz suave:
Gotas de orvalho cintilavam nas folhas do ipê, e pequenos brotos de girassol erguiam-se teimosos, saudando a manhã.
Clara fechou os olhos, inspirando o cheiro fresco de terra molhada, e sentiu uma vibração serena percorrer o corpo, a mesma vibração que ainda percorria em sua pele desde a madrug