Lorenzo Ricci A noite estava densa, silenciosa, com apenas o som distante das ondas quebrando na areia. A casa de praia dormia, as crianças nos quartos, meus pais já recolhidos, e Tom… bom, Tom provavelmente ainda remoendo cada palavra que Ester disse. Mas, ali, entre as quatro paredes do nosso quarto, só existia ela.Camila. Ela estava de pé, de costas para mim, junto à grande janela de vidro que dava para o mar. A luz da lua recortava seu corpo, banhando-a em prata.O tecido leve da camisola grudava em sua pele, revelando mais do que escondendo. Meu peito apertou. Por meses, esperei, desejei, esse momento. Não por simples luxúria, mas porque cada pedaço dela me pertenceu um dia, e agora, eu queria que ela soubesse que ainda éramos nós… mesmo que sua memória teimasse em negar. — Está me observando de novo, Lorenzo? — A voz dela veio suave, mas carregada de algo novo… uma provocação, talvez? Dei um passo adiante, sem pressa, como se qualquer movimento brusco pudesse queb
Camila Duarte Ricci A brisa salgada da noite acariciava minha pele, trazendo consigo o cheiro do mar misturado com a fumaça da lareira acesa. A areia sob meus pés estava morna, e o som das ondas quebrando ao longe se misturava às risadas ao meu redor. Era nossa última noite na casa de praia, e tudo parecia tão perfeito… quase irreal. Os dias passaram rapidamente na casa de praia e estávamos aproveitando a noite antes de irmos de volta para casa, na manhã seguinte. Lorenzo estava ao meu lado, segurando minha mão, e sua presença era meu porto seguro. Tom e Ester estavam próximos, rindo de algo que as crianças haviam aprontado mais cedo. Meus sogros estavam sentados mais atrás, observando tudo com sorrisos tranquilos, como se estivessem gravando aquele momento na memória. . Eu me levantei devagar, chamando a atenção de todos. Meu coração batia acelerado, mas eu precisava dizer aquelas palavras. — Antes de essa noite acabar… eu só queria agradecer a vocês. O silêncio tomou c
Camila Duarte Ricci No dia seguinte, acordamos cedo e voltamos para mansão, quando finalmente chegamso o carro deslizou suavemente pelos portões da mansão, e eu senti um peso diferente no peito. A casa parecia a mesma de sempre, mas algo dentro de mim já havia mudado. Talvez fosse a lembrança daquela última noite na praia, das palavras ditas ao redor do fogo, ou talvez fosse apenas o cansaço depois de tudo que passamos. Lorenzo segurou minha mão enquanto descíamos do carro, e antes que eu pudesse entrar, Tom chamou meu nome. — Camila, podemos conversar? A sós? Assenti, trocando um olhar rápido com Lorenzo antes de segui-lo para uma das salas mais afastadas. Tom fechou a porta atrás de nós, seu rosto sério, os olhos carregados de uma determinação que me fez estremecer. — Hoje vou dar um fim na Amber — ele disse sem rodeios. — Ela não vai parar, e eu vou pará-la antes que algo aconteça com você. O impacto das palavras me atingiu como um golpe. — Eu não quero que a ma
Isabela Duarte RicciAurora e eu sempre fomos idênticas por fora, mas por dentro? Duas estranhas. Filhas de Lorenzo e Camila Ricci, nomes que carregavam peso, poder e medo pela Itália inteira. Nosso pai era aquele típico empresário intocável, dono de um império que ninguém ousava desafiar. Mas por trás das paredes de vidro dos escritórios e das manchetes, ele era o líder da máfia italiana. Crescemos cercadas de luxo, joias caras, festas grandiosas e... solidão. Meus pais sempre foram amorosos, mas nem sempre estavam por perto. Viajando a negócios, expandindo o império, fechando acordos que jamais seriam mencionados em público. Aurora era o orgulho da família. A prodígio. A garota perfeita. Estávamos prestes a fazer catorze anos, e ela já estava esperando uma carta de aprovação de Harvard. Sim, Harvard! Enquanto eu... tentando encontrar meu lugar na bagunça que chamávamos de vida. Aurora era doce, focada, sempre com um sorriso gentil. E todos a amavam por isso, sem contar em sua
Isabela Duarte Ricci O telefone ainda estava quente na minha mão quando me joguei na cama, tentando processar tudo. Meus pais estavam vivos. Em algum lugar na Espanha. Mas então, por que mentiram para mim e para Aurora? O coração ainda batia forte no peito quando ouvi um barulho na porta. Era a Aurora. Ela estava ali, os olhos inchados de tanto chorar. Minha irmã, sempre tão meiga e sorridente, parecia uma sombra de si mesma. — Isabella... — Sua voz saiu rouca, fraca. — Você acha que... talvez tenha sido um engano? Engoli em seco. Eu sabia a verdade, mas como poderia dizer a ela? Se a verdade a libertaria ou a destruiria, eu ainda não sabia. — Eu não sei, Aurora... Mas alguma coisa não está certa. Ela se aproximou, sentando-se na beira da cama. — Eu sonhei com eles. Eles estavam me chamando... como se quisessem me dizer alguma coisa. Minha garganta apertou. Se ao menos ela soubesse. Mas ainda não era a hora. Eu precisava de mais respostas antes de contar qualquer coi
Isabella Duarte Ricci Os dias se tornaram semanas. As semanas se transformaram em meses. E, quando percebi, dois anos haviam se passado desde que Aurora partira para Harvard. No início, nos falávamos com frequência. Ela me ligava nos primeiros meses, sempre com aquela animação característica, contando sobre as aulas, os professores exigentes e os amigos que fizera. Mas, com o tempo, essas ligações se tornaram escassas. Raras. Quase inexistentes. Eu sempre atendia, sempre me disponibilizava, mas ela parecia distante, como se escondesse algo de mim. Poderia ter investigado mais, poderia ter pressionado. Mas minha vida estava cada vez mais envolvida nos negócios da família. Ester me preparava dia após dia, me ensinando a lidar com o mundo sombrio no qual eu já estava inserida. Eu já não era mais aquela garota ingênua. Tinha responsabilidades, contas a ajustar e um legado a carregar. Foi então que recebi a ligação que mudaria tudo. A voz de Ester estava tensa do outro lado da li
Isabella Duarte Ricci Os olhos de Aurora continuavam fixos nos nossos pais, confusos, incertos, como se buscassem uma conexão perdida em um passado que sua mente não conseguia alcançar. Meu coração apertou. O baque foi visível em minha mãe. Ela levou uma mão ao peito, tentando conter as lágrimas. Eu conhecia aquele olhar. Era dor. Era culpa. Mas meu pai permaneceu calmo. Ele sempre fora assim. — Isso não importa agora — disse ele, sua voz grave e reconfortante. — Estamos aqui. E nunca mais vamos nos separar. Um silêncio carregado pairou no ar antes que Aurora se movesse, hesitante. Lentamente, ela se aproximou. Meu pai abriu os braços e, por um segundo, temi que ela recuasse. Mas então, sem aviso, Aurora se lançou contra ele, seus braços se fechando ao redor do corpo de nosso pai. Minha mãe soluçou, abraçando-as, e eu os envolvi também. Depois de quatro anos de separação. Depois de ter que fingir que nossos pais estavam mortos.Nós estávamos juntos de novo. Nos
Isabella Duarte Ricci No dia seguinte ao meu aniversário, Aurora viajou para finalmente iniciar seu curso em Harvard e eu decidi aproveitar a Espanha, conheci alguns lugares, fiz algumas compras e já era noite quando após jantar com meus pais e avós, decidi sair. Com uma das mulheres que trabalhavam para Tom e eram seguranças de minha mãe, dirigi pelas estradas espanholas. O motor ronronava como uma fera sob meu controle. Mas então, virei em uma rua que parecia deserta. Ou quase. Carros de luxo estavam estacionados por toda parte. Alguns, modificados para corridas. O som dos motores rugindo no fundo me fez sorrir. — É uma corrida clandestina? — perguntei, parando o carro. A Luara ao meu lado que era uma mulher de vinte e cinco anos, conhecia a Espanha e logo me respondeu: — Sim, mas é uma corrida fechada. Uma gangue contra uns ricaços. Meus olhos brilharam com curiosidade. — Interessante. Estou ansiosa para ver o quanto esse carro corre. Ela se virou para