Bella Ricci

O silêncio no carro só era quebrado pelo som do motor e pela respiração pesada do Diogo, que dormia no banco ao lado. A cabeça dele tombava de vez em quando na janela, e eu esticava a mão com cuidado para ajeitá-lo, mesmo sabendo que ele não ia lembrar de nada quando acordasse.

Mas eu lembrava. Lembrava demais

A sensação do corpo dele colado ao meu. O peso do olhar. Aquele selinho acidental, que mais pareceu uma ousadia momentânea da minha vida, parecia querer brincar comigo mesma. Um aviso. Um erro certo demais para ser só um tropeço.

Balancei a cabeça, tentando afastar aquilo. Ele estava bêbado. E eu? Eu só queria que tudo voltasse ao controle. Se é que algum dia houve controle entre mim e Diogo.

Chegamos na mansão, e os faróis cortaram o jardim como lâminas de luz. Os portões se abriram com o comando automático, e os seguranças estacionaram discretamente ao lado da entrada principal. Eu desci primeiro e fui abrir a porta do passageiro.

— Com cuidado — pedi aos d