Decidi ser Feliz
Decidi ser Feliz
Por: Dynha Henry
Capítulo 1

Fernando entra em casa e segue para o seu quarto, era uma sexta feira, mas não estava a fim de sair. Murilo, o sobrinho que morava com ele, não tinha horas para chegar em casa, isso é, se ele voltasse para a casa aquela noite.

Seu amigo Luiz o chamou para sair, assim como Karen, a sua noiva, que insistiu para que ele fosse a uma festa com ela e os pais, mas ele não estava com disposição de fingir estar feliz ao lado de Karen, por quem não sentia absolutamente nada, além de um sentimento de amizade.

Karen sempre foi uma boa amiga, muitos não gostavam de sua personalidade, e do seu jeito de tratar os outros, mas ele não tinha do que falar mal dela. Com ele, ela sempre foi uma pessoa prestativa, que esteve ao seu lado nos momentos mais difíceis de sua vida, esse também foi um dos motivos que o fez aceitar aquele pedido de casamento inesperado, quando ela estava em um leito de hospital entre a vida e a morte.

Fernando sempre foi um homem sério e integro, que buscava fazer as coisas certas, mesmo que algumas vezes se sacrificasse, mas ele fazia o que a sua consciência mandava. Só havia uma coisa que fez e se arrependia amargamente, não por não ter gostado do que havia acontecido, mas por se achar um fraco e irresponsável.

Na verdade se arrependia de duas coisas, também se arrependia das palavras que usou um dia para alguém a quem amava, a magoando e menosprezando algo de muito valor que lhe foi dado por ela.

Ele entra no banheiro pensando naquela que mesmo depois de anos, não lhe saia do pensamento e muito menos do coração. Se achava ridículo as vezes, por amar tanto alguém, a quem dispensou, mas acreditava que assim tinha que ser.

Depois de tomar um banho ele veste uma bermuda e uma camiseta e sai do seu quarto. Fernando era um homem bonito, era impossível alguma mulher o ignorar, era alto, corpo sarado, pois tinha uma academia em casa na qual fazia questão de se exercitar quase todos os dias. O seu rosto parecia ter sido esculpido, os seus olhos verdes com longos cílios era algo que chamava atenção, as sobrancelhas grossas e desenhadas o tornava ainda mais bonito, não tinha barba, nunca gostou, e no seu queixo podia-se ver uma pequena covinha.

Saindo do seu quarto, Fernando segue até um quarto que entrava sempre que a saudade apertava, mesmo que há quase três anos ninguém dormisse nele, era como se a presença da dona estivesse ali.

Ele entra e fecha a porta, vai até a pequena penteadeira e olha para uma escova e um elástico de cabelo que continuavam ali, aquelas foram as única coisas que Helena esqueceu para trás. Na parede ainda estava pendurada a sua obra de arte, três pares de olhos. Podia se lembrar do dia que ela fez aquela montagem, e ele como elogio, disse que o quadro lhe causava medo, não era mentira, mas agora ele ali o olhando, já não o assustava mais.

Um dos olhos eram castanhos com os cílios alongados pela maquiagem, era impossível não saber ser de uma mulher, Helena, era ela a dona daqueles olhos castanhos escuros. O outro par era também castanho, e eram os olhos de Murilo, ele sorri ao observar o terceiro par, os dele não podiam faltar naquela montagem maluca como Murilo disse quando ela fez a apresentação do mesmo.

— Ah Helena, por que não me deu a chance de me desculpar com você? Por que teve que fugir e me esqucer, como eu mandei? — Fernando se sentia culpado por ela ter ido embora, ela não morava com eles, mas vivia mais na casa dele do que na casa da tia onde morava na época.

Fernando anda pelo quarto, é como se ele fosse capaz de sentir o perfume dela naquele ambiente, era como se ela fosse entrar a qualquer momento e perguntar o que ele estava fazendo ali, talvez até quisesse o trancar ali para o provocar com o seu jeitinho de menina travessa.

Fernando ainda sentia por ela os mesmos sentimentos de antes, mesmo tendo lutado incansavelmente para esquecê-la. Não achava justo ficar com uma jovem 15 anos mais nova que ele. Helena tinha uma vida pela frente, e quando ele fosse um senhor de 50 anos ela ainda seria uma mulher jovem e bonita.

A vida nem sempre era justa, era assim que ele pensava sobre a vida. Nunca foi capaz de fazer o que realmente quiz, na maioria das vezes ele fazia aquilo que se via impulsionado a fazer, sempre se preocupando em medir os pros e os contras, sempre pensando em como as pessoas o julgariam por suas tomadas de decisões. Esse era o único motivo de não ter assumido para Helena que também se sentia atraído por ela que o seu coração também disparava quando ela estava perto dele, isso é, bastava ele pensar nela para que o seu coração disparasse, como estava acontecendo naquele momento.

Helena estava com 20 anos, mas logo faria 21, ele se lembrava bem da sua data de aniversário, afinal foi em seu aniversário de 18 anos que tudo mudou entre eles.

Como ela estaria? Ele pensa. Será que ainda mantinha os cabelos longos? Será que continuava magrinha? Será que ainda tinha a mesma alegria, teria ela namorado? Esse pensamento o faz se sentir incomodado, não gostava da ideia dela beijando um outro homem, ou mesmo fazendo amor com outro.

Se fosse assim ela não estaria errada, foi ele mesmo quem a mandou embora, pedindo que o esquecesse, foi ele mesmo quem disse a ela que nunca namoraria com ela. Ele só não lhe disse que tinha medo dela se apaixonar por outro mais jovem que ele e o abandonasse, e também que tinha medo que as pessoas o acusassem de assediar uma jovem que tinha a idade de seu sobrinho, tinha medo que a sua reputação fosse pelo ralo por se envolver com uma jovem que dormia desde os 15 anos em sua casa.

Quando se tem medo é preciso ter muito cuidado, o medo as vezes torna quem o tem em uma pessoa covarde, que se nega a fazer o que realmente quer por medo de ser julgado, medo de decepcionar alguém, ou mesmo, medo do arrependimento que possa ter um dia, esquecendo que as vezes o pior arrependimento é não tentar fazer algo por si mesmo, deixando as oportunidades passarem levando com elas a chance de ser realmente feliz. Assim Fernando se lamentava

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