Capítulo 2

Em uma praia, uma jovem corria a brincar com a sua filha a beira do mar, ao longe um homem a olhava sorrindo, lhe acenando. Depois de mais uma ida à água, ela convence a filha de descansarem um pouco. A pegando no colo para que a criança não queimasse os seus delicados pés na areia escaldante, ela corre até o homem.

A jovem coloca a filha de pé sobre uma cadeira e a seca, lhe passando mais protetor depois de seca.

— Passou mais protetor em Aurora? — A jovem pergunta ao homem olhando para a outra criança que lhe sorria.

— Não se preocupe, ela já está branca de tanto protetor que passei — O homem responde rindo — E essa levada, não se cansa de brincar não?

— Ágata tem energia para dar e vender — A jovem responde rindo — Mas agora acho melhor arrumar os nossas coisas e voltarmos para casa, Aurora não pode se esforçar muito.

— Mamãe, eu não tô cansada. — Aurora se defende.

— Não está não bebê? — A jovem beija o rostinho de Aurora — Mas você precisa estar bem descansada, amanhã é o aniversário de vocês, e tenho certeza que vai querer se divertir.

— Mamãe, o papai vai vir no versário?

— O seu papai está viajando e a mamãe não sabe quando ele vai voltar.

— Mamãe...

— Oi filha — Helena olha para a filha que estava no colo do avô.

— O papai vem no versário — Aurora responde rindo, mas até o seu sorriso parecia ser frágil — Eu quero o papai no meu versário.

— Helena, talvez esteja na hora de procurar o pai delas — Bernardo, pai de Helena, se intromete na conversa mãe e filha.

— Ainda não papai, ainda não me sinto preparada — Helena responde pondo uma roupa seca nas filhas.

Bernardo, faz graça para Aurora, a fazendo sorrir, e isso deixa Helena com o coração apertado, pois ela não sabia quanto tempo de vida Aurora tinha, como os médicos disseram, ela podia viver um ou dez anos, a cirurgia era muito arriscada, por ela ser muito frágil, e acreditavam que não fosse capaz de suportar o procedimento.

Helena morava com o pai e as duas filhas, engravidou do homem que amava, mas que sempre a rejeitou, por isso ao descobrir a gravidez preferiu não lhe contar, não seria acusada de ter engravidado de propósito.

Helena morou com o pai, desde que ele se divorciou, sempre se deram bem e eram muito amigos, e a única coisa que Bernardo não sabia, era o nome do pai das suas netas, Helena nunca falou sobre ele, apenas lhe garantiu que era um homem de carater e se soubesse das filhas as assumiria com certeza.

O seu pai trabalhava com móveis planejados, não eram ricos, mas tinham uma vida estável, nada lhes faltavam. Helena trabalhava fazendo bolos e doces especiais, era formada em nutrição e fazia sobremesas para pessoas que faziam dieta, trabalhava de casa e só saia para fazer as entregas, isso para não ficar longe das filhas, principalmente Aurora, que lhe enchia de preocupação.

Bernardo era um bom pai, sempre procurou dar o de melhor para a filha, dentro de suas possibilidades, ele só não esperava que Helena fosse voltar da casa da tia, com quem morou alguns anos, grávida, e muito menos que desse a luz a duas meninas e uma delas com sérios problemas de saúde.

Aurora havia nascido com cardiopatia congênita, uma má formação no coração, a princípio o tratamento podia ser feito sem a necessidade de cirurgia, mas o caso se complicou e só mesmo uma cirurgia para resolver o problema, mas era muito arriscado submetê-la a tal procedimento, por isso, Helena preferiu continuar a tratando com medicações.

Bernardo não se cansava de aconselhar a filha a procurar o pai das crianças, ele não achava certo esconder dele sobre as meninas, principalmente por Aurora ter problemas de saúde, Bernardo alegava que ele tinha o direito de saber.

Um dia quando Aurora foi hospitalizada, Helena deixou escapar que não usaria as filhas para obrigar o pai a ficar com ela, pois ela acreditava que assim seria, por ele sempre querer fazer o que era certo, segundo a opinião dele. Por mais que pensasse, Bernardo não conseguia imaginar quem fosse o pai, mas Aurora provavelmente se parecia com ele, olhos verdes e cílios longos, mas ele não conhecia nenhum amigo de Helena com aqueles traços.

— Vamos! Aurora já está querendo dormir.

— Sim, ela deve estar cansada. — Ele havia deixado ela brincar um pouco sem se esforçar muito, o coração dele doía ao ver a neta sem poder fazer o que a irmã fazia.

Quando eles chegam em casa, Soraia, a irmã mais velha de Bernardo os esperava.

— Tia, que bom que a senhora veio.

— Não iria perder o aniversário das minhas netas por nada — Ela logo pega Aurora no colo, mas ela já estava dormindo. — Você não sabe quem esteve lá em casa te procurando novamente.

— Quem?

— Murilo, afinal vocês viviam feito carne e unha — Soraia olha sem sorrir para a sobrinha — O tio dele está noivo — Helena abaixa a cabeça mas não a tempo de esconder a tristeza no olhar.

— Parabéns para ele.

Soraia olha para o irmão que se afastou levando as coisas que haviam levado para a praia.

— Helena ele tem o direito de saber. As meninas precisam de um pai.

— Elas já tem, o meu, que é como um pai para elas.

— Me dê Aurora, vou leva-la para o quarto e depois irei tomar um banho — Bernardo chega interrompendo a conversa.

— Não disse, elas não poderiam ter um pai melhor.

— Me desculpe filha, sabe que eu a amo, mas não é certo o que faz com o seu pai. Bernardo é um homem bonito e tem o direito de encontrar alguém.

— Claro que tem, mas imagine se eu fosse embora com as meninas, ele ficaria só.

— Sabe que não é bem assim, seu pai passou três anos sozinho, enquanto você morava lá em casa e não morreu por causa disso. Além disso, bonito como é não ficaria sozinho por muito tempo.

— Nunca o impedi de encontrar alguém, até o incentivo a encontrar uma namorada — Helena se defende .

— Você acha mesmo que o seu pai vai deixar de estar em casa com as meninas, principalmente Aurora, que o faz viver com o coração na mão, para ir em um jantar romântico? — Soraia balança a cabeça — Eu duvido muito.

— Se eu procurar Fernando ele vai se achar na obrigação de nos assumir, eu estou com 20 anos agora, na cabeça dele sou muito nova para ele, mas mesmo assim, vai achar que deve me assumir por causa das filhas, e eu não quero isso, ainda mais agora com ele noivo.

— Não pense apenas em você, pense nas meninas, elas tem o direito de conhecer o pai, se fez burrada ao seduzi-lo, como você mesma diz, não faça as suas filhas pagarem pelo seu erro. Procure por ele e lhe conte sobre as meninas.

Helena não responde, sabe que a tia tem razão, mas ela não tem coragem de procurar Fernando, ainda podia se lembrar das palavras que ele lhe disse pela manhã ao acordarem juntos no quarto dele. Naquela manhã ela jurou esquecê-lo, e até tentou, mas não conseguiu tal coisa.

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