As palavras de Pedro fluíram na quietude da noite, um rio de dor contido por anos que finalmente rompia as suas barragens. Ele falou, e Isabella ouviu, o seu corpo enroscado no sofá, a cabeça apoiada no colo dele, a mão dela a fazer um carinho ausente na perna dele. As chamas da lareira dançavam, lançando sombras que pareciam tão antigas e cansadas quanto as memórias que ele partilhava. Ele não lhe deu a versão polida do CEO; deu-lhe os fragmentos estilhaçados do homem. A humilhação, a fúria impotente, a solidão que se seguiu e que se tornou a sua armadura.
Em algum momento, entre o crepitar do fogo e o murmúrio rouco da sua voz, o peso dos últimos dias finalmente a venceu. A respiração de Isabella tornou-se mais profunda, mais ritmada. Ela adormeceu, ali no colo dele, a sua rendição completa e inconsciente. Pedro parou de falar a meio de uma frase, olhando para o rosto sereno dela. Uma onda de uma emoção tão ferozmente protetora o atingiu que o deixou sem ar. Ele a ajeitou gentilment