Leonardo Ferrero, 28 anos, sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), distúrbio de personalidade e psicopatia. Ele não responde mais ao tratamento com medicamentos, e após várias internações em clínicas psiquiátricas, Leonardo é enviado para um tratamento alternativo na Clínica Hope, onde conhece a bela enfermeira Lily Rose. A partir daí, a obsessão de um psicopata é despertada. Wattpad @deialirio #1º Lugar | Dark #1º Lugar | Obsessão #1º Lugar | Psicopata #1º Lugar | Possessivo #1º Lugar | Romance Dark Obra Registrada
Ler maisEle tem olhos verdes
Lily Rose, 21 anos, estava exausta após dois anos de pandemia global. Logo na sua vez de se formar em enfermagem após o ensino médio, o mundo entrou em colapso. Novata na área, ela foi jogada na linha de frente do furacão. A princípio, ninguém sabia o que era ou do que se tratava. Trabalhando no maior hospital dos Estados Unidos, Lily viu pessoas chegarem na emergência com sintomas de gripe. Geralmente, era febre alta, dores no corpo e prostração. O quadro dos pacientes evoluía muito rápido para insuficiência respiratória, parada cardiorrespiratória e óbito. Dezenas, centenas, milhares e milhões de pessoas morreram até a doença ser detectada e a vacina ser encontrada. Por ter sobrevivido aos anos de 2021 e 2022, os dois anos que ela pensou que fosse morrer de COVID, exaustão ou por ter visto sofrimento demais para uma única existência, Lily desistiu de trabalhar na emergência do pronto atendimento do Hospital Hopkins, e se candidatou a uma vaga de enfermeira na Clínica Hope. O salário era até melhor, mas a escala de 24x12 era um pouco desafiadora. Sem família, solteira, sem filhos e com boletos atrasados, Lily decidiu ir na entrevista de emprego após ser chamada depois de exatos trinta dias que tinha enviado o currículo por e-mail. Com três vagas abertas, aquela era a única forma que eles aceitavam a inscrição. A Clínica Hope ficava nos arredores da pequena cidade de Jackson, no alto de uma colina onde tinha um majestoso carvalho. Por fora, era uma imponente casa cinzenta de dois andares em estilo europeu com telhado inclinado, paredes de pedra e chaminé. Devido ao clima frio na maior parte do ano, e o céu cinzento, a clínica particular tinha sido construída para aproveitar toda a iluminação externa possível com grandes janelas de vidro. Se por fora parecia apenas uma casa de campo, por dentro, a clínica era ampla com recepção, sala de estar, cozinha anexa ao refeitório, corredores largos e quartos com banheiro. Sorridente, Lily dava oi para todos os enfermeiros que via no caminho até a sala do diretor Davis Brune West. Ele era um psiquiatra renomado que por muitos anos, conduziu pesquisas sobre a mente humana, e tinha três best-sellers que ainda figuravam na lista do The New York Times. Davis West, além de médico e escritor, também era palestrante motivacional, e um ferrenho defensor da medicina alternativa. Para não ser pega de calças curtas durante a entrevista, Lily tinha lido os livros do Doutor West: O Poder Da Mente, Medicina Alternativa, e Cura & Libertação. Se os dois primeiros livros se referiam a uma prática abrangente de métodos de saúde não convencionais, o terceiro livro era uma explicação dos outros dois, tendo como modelo Jesus Cristo. Aquilo pegou Lily de calças curtas porque ela acreditava cegamente que qualquer doença mental, deveria ser tratada com remédios e ponto final. Cura & Libertação era um livro um tanto quanto audacioso, talvez, até mesmo apelativo e distorcido da verdade universal: Psicopatia não tinha cura, e o portador de tal doença mental, não poderia alcançar a cura através dos ensinamentos de Jesus. Não foi à toa que o Doutor West teve a sua licença cassada para exercer medicina de forma legal, e conseguiu na justiça o direito de ter a sua própria clínica particular para os familiares de doentes mentais, que partilhavam da sua visão um tanto quanto "precipitada", para dizer o mínimo. Entretanto, Lily não tinha nada a ver com aquilo. O trabalho dela seria cuidar dos doentes mentais dando banho, alimentação, levando para tomar sol, tratar possíveis ferimentos, trocar fraldas, e no caso dos que estavam em tratamento com remédios, ela daria a medicação. Sendo assim, ela alisou o terno preto, verificou se os cabelos castanhos escuros e cacheados estavam alinhados, olhou o rosto negro no espelho de bolsa, e como a maquiagem leve estava ok, ela guardou o espelho na bolsa de mão e bateu na porta. - Entra. Ao entrar, a primeira coisa que Lily viu foi uma parede inteira com vários diplomas emoldurados. O consultório era simples com uma maca hospitalar, mesa com cadeira, pia com sabonete em barra, suporte de papel toalha, lixo e uma janela de persianas levantadas, deixava à mostra a colina e parte da cidade de Jackson ao longe. Doutor West era muito mais alto do que parecia nas fotos. Branco, cabelos e barba grisalhos, miúdos olhos azuis, e corpo atlético até demais para quem estava com sessenta anos. Ele vestia uma blusa de flanela xadrez preto e vermelho, calça jeans escuro, botas de borracha e tinha um pano cinza jogado no ombro esquerdo. Se estivesse de chapéu de cowboy, ele se passaria facilmente por um pacato fazendeiro daquela região árida. Ele sorriu abertamente mostrando os dentes brancos e perfeitos. - Lily Rose? - Sim. O médico psiquiatra estendeu a mão quente e macia. - Davis West. - É um prazer conhecê-lo, Doutor West. - Por favor, não diga que é uma grande fã dos meus livros porque ninguém na sua idade iria gostar de toda aquela complexidade. Lily sentou na cadeira apontada para ela e o médico sentou atrás da mesa de madeira entulhada de papéis. Havia um telefone fixo e um notebook aberto. Ela sorriu. A timidez sempre foi sua inimiga número um. - Eu confesso que não entendi muito do que li. Davis suspirou frustrado. Porém, ele disse com gentileza: - Você não acompanhou o meu raciocínio como a maioria das pessoas. Lily se sentiu mal. O que Davis queria compartilhar era importante para ele, mas nem todos conseguiam ver algo de bom ou útil na sua narrativa cansativa e complexa. Ela forçou um sorriso. - Eu acredito que o senhor seja um homem à frente do nosso tempo. O que o senhor já sabe, nós ainda não tivemos a oportunidade de ver. Lily ganhou a atenção de Davis que arqueou a sobrancelha direita com evidente surpresa. - Você acha? - Sim. Talvez daqui uns cem anos, a medicina alternativa seja uma realidade e alguém vai dizer: "Davis Brune West estava certo. Valeriana é muito melhor do que Valium." O Doutor West soltou uma sonora gargalhada, e chegou a se inclinar para trás na cadeira giratória de couro preto. - Poxa, isso foi realmente incrível de se ouvir. Lily continuou sorridente. Talvez, o médico psiquiatra estivesse certo em um ponto: Era tão fácil fazer alguém se sentir melhor com uma palavra de incentivo. - O emprego é seu. Leonardo Ferrero é o único paciente que está fazendo uso de tranquilizantes. Você irá cuidar dele. Só um aviso, haja o que houver, não tire as algemas dele. E nunca, nunca, em hipótese alguma, entre no quarto com grampos, presilhas, ou qualquer outra coisa perfurante. Terá sempre um monitor treinado com você porque Leonardo é extremamente perigoso. Lily ficou boquiaberta. Em seguida, ela disse aflita enquanto apertava as mãos sobre a bolsa no colo: - Eu lidei com COVID por dois anos e isso me deixou muito exausta em todos os sentidos. Eu pensei que aqui, eu poderia apenas dar banho de leito, colocar fraldas, fazer curativos e acompanhar os pacientes no banho de sol. Sabe, sem toda aquela loucura do pronto atendimento do Hopkins. Davis suspirou compreensivo, porém, ele deu um sorriso torto. - Eu não acho que você terá vida fácil em uma clínica psiquiatra, começando pelo plantão de 24hs porque estamos com 12 pacientes e só 3 enfermeiros. Lily suspirou profundamente. - Eu pensei que era uma clínica para tratar pessoas com depressão, demência, transtorno bipolar, esquizofrenia, autismo e idosos com Alzheimer. Esse tipo de coisas. Eu não pensei que tinha paciente nesse grau de... - Psicopatia. Leonardo é um psicopata. Lily abriu e fechou a boca já pensando em desistir da vaga. Porém, morando de aluguel, ela lembrou que tinha tido um rompante de loucura e comprado um carro zero. Um belo Honda Civic grafite. E naquele momento, ela tinha 48 parcelas de financiamento para pagar, mais aluguel, mais contas, mais despesas pessoais e mais a droga do veterinário que tinha vacinado Toddy, seu labrador marrom de cinco anos. A cafeteira estava com mau contato, o chuveiro queimado, e o cabo do microondas derretido. Lily afundou na cadeira, seduzida pelo salário de cinco mil dólares, e os domingos e feriados de folga. Aquilo era exatamente o que ela precisava: Um hospício. - Ele foi trazido do Lenox Hill há uma semana. O irmão dele solicitou um enfermeiro particular, e como ele já adiantou o pagamento pelos três meses de período experimental de adaptação, você ficará por conta dele. Boletos ou um psicopata misterioso? - E as outras duas vagas? - São enfermeiros do sexo masculino para ajudar com os pacientes no leito. Leonardo não aceita ser cuidado por homens. Eu vou te passar a ficha completa dele. Ele tem TOC também e outras peculiaridades. - Entendo. - Lily disse debilmente. - Eu acho que estaria mais segura na linha de frente da pandemia. Davis riu divertido. - Como eu disse, nada de objetos que possam perfurar ou cortar. Durante o banho terá um monitor com você. Lily assentiu ainda em dúvida. - Ele é um idoso como a maioria dos pacientes que eu vi aqui? Davis levantou ainda sorrindo. Seu novo paciente iria gostar da sua nova enfermeira tímida e não muito esperta. Psicopatas tinham o hábito de serem sociáveis com pessoas tímidas. - Vamos conhecer o seu velhinho. Lily seguiu o Doutor West para o andar de cima e parou ao lado dele na última porta que ele destrancou e abriu. Tudo que Lily viu, foi um par de olhos verdes brilhantes e curiosos. - Leo, essa é a Lily Rose, sua enfermeira particular. Seja gentil com ela. Preso na cama hospitalar pelos pulsos e tornozelos algemados nas grades laterais, Leonardo Ferrero esboçou um sorriso encantador. - Olá, Lily. Minha fralda está molhada. A nova enfermeira da Clínica Hope, se perguntou que merda ela estava fazendo ali.EPÍLOGO Lucas e Lex, primos, porém criados como irmãos, observavam o galpão em Nova Orleans a todo vapor. Lex, o mais novo por uma diferença de sete meses em relação a Lucas, gritou da parte de cima do galpão:- Assim que eu gosto, rapazes! É isso aí! Potência e rapidez!Os homens que pesavam e separavam a cocaína pura para ser embalada em tabletes, pacotes e pinos, gritaram e acenaram. Desde os dezesseis anos, a maior idade nos Estados Unidos, Lex Ferrero começou a seguir os passos do tio Leonardo que o criou como se ele fosse seu filho. Seu pai tinha morrido de complicações cardiorrespiratórias, e sua mãe morreu durante o seu parto.Ele aprendeu a gostar de armas antes mesmo de deixar as fraldas. Lex tinha nascido para ser o melhor criminoso que o mundo já tinha visto ou conhecido, e ele passou pelo treinamento exaustivo com louvor. Não existia uma arma que ele não conhecesse, um idioma que ele não dominasse, uma droga que ele já não tivesse experimentado para atestar a procedênci
O Diagnóstico De volta a Nova Iorque, Leonardo se reuniu com os principais membros do conselho da Máfia Ferrero. Cansado e sem dormir há vários dias, ele não quis prolongar seu discurso de posse. Durante o velório de Lennox que tinha sido vestido com um terno preto, camisa social branca, gravata, cinto, cueca, meias e sapatos pretos, ele procurou não olhar para o caixão preto com alças douradas, e o brasão do dragão cuspindo fogo desenhado na tampa do caixão. As cinzas de Levi estavam dentro de uma pequena urna de ouro maciço, igualmente com o brasão da Família Ferrero, e dentro de um caixão preto igual ao de Lennox. Levi morreu de pneumonia, e Lennox que tinha uma saúde frágil depois de ter tido COVID, faleceu de complicações cardiorrespiratórias na Dinamarca. Durante o velório para os membros do alto escalão da Máfia Ferrero, Leonardo rodava o anel da Família no dedo médio da mão direita. Ele tinha uma expressão sombria enquanto olhava para Bianca sentada entre a mãe e a irmã.
A Última Ceia Lennox viu a porta da pequena sala ser fechada, e olhou para o coletor estéril transparente de tampa azul, que lhe foi entregue para a coleta do seu sêmen. Bianca tinha sido levada para outra sala, onde ela iria ser preparada para a ovulação. O casal não trocou uma palavra durante o trajeto até o hospital especializado em reprodução assistida.Lennox entendeu que antes mesmo do seu jatinho pousar na Dinamarca, o irmão já tinha cuidado de tudo. Ele tinha ficado sem seus seguranças, sem celular, sem arma, e sem a esposa que provavelmente, não veria nunca mais.O anel da Família Ferrero também lhe fora tirado do dedo anelar, indicando que ele não era mais o Don. Apesar de ter sido envenenado no restaurante do hotel, possíveis toxinas seriam retiradas do seu sêmen antes dele ser fertilizado nos óvulos de Bianca.Lennox sentou na poltrona de couro preto, olhou para as revistas e para a TV ligada com cenas de sexo, e quase riu divertido. Ele tinha chegado a um nível de distú
Por que os anjos caem?O jatinho pousou em Copenhagen, na Dinamarca, às 12:45h de segunda-feira. Lex tinha a autorização do aeroporto para o pouso, e um carro já o esperava para levá-lo ao Copenhagen Marriott Hotel. A consulta com o médico estava marcada para quarta-feira, assim como os exames que ele e Bianca fariam para a gravidez feita através de reprodução assistida.No método, os óvulos são coletados dos ovários após estimulação com hormônios, pouco antes da ovulação, e são levados ao laboratório, onde são fertilizados com os espermatozóides do parceiro. A partir de então, esses embriões são cultivados em laboratório por alguns dias, e são colocados no útero da paciente.Após o almoço no restaurante do hotel cinco estrelas, Bianca dormiu e Lennox sentou na mesa da varanda do quarto. Ele acendeu um Marlboro, tragou e soltou a fumaça lentamente. Ao abrir o notebook Apple, fez login e abriu as mensagens. Mesmo estando longe, era imprescindível ficar de olho nos negócios para ter
Rainha Lily foi levada de volta para a clínica na segunda-feira de manhã. Ao entrar no quarto limpo e arejado, ela viu que a cama hospitalar e a das Princesas, tinham sido trocadas por uma cama box de casal. Os lençóis, edredom e as fronhas eram brancos com detalhes em preto.Com Christian na consulta diária com o Doutor West, e Toddy no jardim com a Senhora Olívia e outros pacientes, Lily sentou na cama e olhou pela janela. Ela pousou a mão direita no ventre, onde uma leve protuberância, já indicava a gravidez. O exame de sangue também tinha confirmado, e ela estava grávida de nove semanas, pouco mais de dois meses. Ao que parecia, seria um bebê grande e ela iria começar a fazer o pré-natal com uma médica obstetra escolhida por Leonardo. Ele estava preocupado com a saúde dela e do bebê por ter DNA animal no sangue.Lily olhou para a aliança de titânio na mão esquerda por alguns segundos. Ela suspirou profundamente e voltou a atenção para a janela. Leonardo se despediu dela depois d
"Nenhum bastardo entrará no Reino dos Céus; nem ainda a sua décima geração, entrará na casa do Senhor."Leonardo (É o mesmo personagem da capa, porém, sem a tatuagem no rosto.)Bastardo O domingo amanheceu quente e com poucas nuvens no céu azul anil. Com apenas a cueca boxer preta, Leonardo estava sentado na cadeira de balanço na beira do rio onde tinha afogado Liam há vinte e três anos. Impassível, ele bebeu um gole de uísque puro. Ainda era cedo para uma bebida, mas ele estava um pouco ansioso. Finalmente, o dia do acerto de contas tinha chegado. Entretanto, matar o pai não iria mudar em nada o passado.O Doutor West estava o ajudando a se curar dos traumas, e Lily sempre seria seu porto seguro nas tempestades. Mas mesmo assim, o pai tinha que encontrar o fim pelas suas mãos. Com um suspiro profundo, Leonardo secou o copo de uísque.Ele não se virou ao ouvir passos. Toddy foi o primeiro a se aproximar e colocar as patas nas suas coxas grossas e peludas para ganhar um carinho na
Último capítulo