Eu não durmo direito há dias.
Fico deitado nesse sofá velho do meu apartamento na Zona Leste, olhando pro teto rachado, o laptop ainda aberto na mesa de jantar com aquelas malditas plantas do resort de Miami brilhando na tela. O lugar tá uma bagunça: papéis espalhados, duas taças de vinho lavadas na pia (uma com marca de batom que eu nem notei na hora), o cheiro de perfume feminino que não é o da Sofia ainda pairando no ar. Tudo me lembra aquela noite.
A noite em que eu perdi ela.
Repasso a cena na cabeça pela milésima vez: a porta se abrindo de repente, a Marina saindo toda composta, ajustando a bolsa com aquele sorriso profissional de “reunião encerrada”. Eu no banho, sim, porque tinha suado pra caralho o dia inteiro em reuniões, mas o timing… porra, o timing foi o pior do mundo. E o vinho? Foi ideia dela, “pra descontrair depois de quatro horas falando de layout e sustentabilidade”. Eu aceitei porque não quis ser grosso. Marina é casada, competente, ponto final. Nada aconteceu. Mas