Ele me paga. Juro que me paga.
Apertei o volante enquanto seguia para o hospital. O sangue descia quente pelos lábios, grosso, insistente. Não foi a primeira vez. Victor sempre foi pavio curto; tira-lo do eixo nunca traçado muito esforço.
Como aguentou aquela garota? Onde o colapso já se viu uma torre de taças e ele posar de herói? Eu teria fingido que nem conhecia e, em casa, a conversa seria outra: dura, sem floreio.
Dava muita moleza. Como sempre. Por isso Renata voltou tão fácil. Ligou pedindo ajuda para se aproximar dele de novo. A brecha estava dada — aproveitei. Bastou mexeu dois pauzinhos e entrou no esquema. Agora, contratada, ficaria ao lado dele o tempo todo. Em troca, entregaria o que eu precisasse.
Estacionei no hospital e tranquei o carro com um bip. O gosto metálico encostado na língua; cúspide no chão e limpei o nariz com o dorso da mão, tentando conter a corrente.
Cruzei a porta. A recepcionista me encarou, olhos arregalados.
— Deveria ter entrado pela emergência, sen