Mais uma noite, eu nem mesmo queria estar aqui. Mas meu sócio e melhor amigo Declan Reed, insistiu para que eu viesse.
Desde que encerrei meu último contrato não tenho me envolvido com ninguém, as mulheres livres que frequentavam o clube, não eram bem o meu tipo.
Assim que chegamos, Atlas veio até nós e disse sobre as duas garçonetes. E se divertiu ao dizer a inocência das duas mediante ao que acontecia aqui.
— Contratou duas baunilhas? — Reed perguntou confuso.
— Elas são competentes, as recomendações são ótimas. E depois da confusão que rolou com as outras. Acho que elas serem baunilhas, é até um ponto positivo.
De onde eu estava tinha uma visão perfeita das “garçonetes”, a morena era bonita. Mas a loira, chamava a atenção sem esforço.
— E vou dizer, as duas têm um imã… Principalmente a Juliet.
— Qual é ela? — Reed perguntou.
— A loira. — Atlas respondeu. — Educada, obediente. “Senhor” parece ser uma de suas palavras preferidas. — Ele disse fazendo Reed rir.
— Bem que estou precisando de uma dessas, a minha última era muito malcriada.
— Qual é Reed, você diz isso mas adora elas. — Atlas retrucou, e Reed só deu de ombros.
Vi a loira, ou melhor a Juliet caminhando pelo salão. Levantei sem dizer uma única palavra, parei em seu caminho e ela distraída não me viu.
Nossa interação foi breve, mas foi o suficiente para algo se acender em mim. Quando voltei a me sentar ao lado dos caras.
— Não quero parecer pessimista Blake, mas acho que ali é praticamente impossível.
Atlas disse em um tom sério.
— Adoro um desafio. — respondi secamente, dando um gole na minha bebida.
De alguma forma, ela me atraiu a noite inteira. Evitava vir até minha mesa, mandava sempre a amiga. Mas sempre que a olhava encontrava seus olhos em mim.
Vi quando ela foi até a área privativa com uma bandeja.
— Porque Caio mandou a novata para o privativo? — perguntei ao Atlas, que só quando falei que notou.
— Vou perguntar a ele? — Levantou e foi até o barman.
Notei que o tempo que ela estava lá era mais do que o necessário para uma entrega de bebidas, sem avisar, me levantei.
— Blake, aonde vai? — Reed perguntou intrigado.
— Aos quartos, e você vem comigo.
Sem questionar ele caminhou ao meu lado, Atlas nos alcançou. Quando chegamos, o corredor estava vazio.
— Qual quarto ela foi servir? — perguntei sentindo uma certa irritação, que eu nem sei de onde vinha.
— Dominic.
Bati na porta, e logo ela abriu.
— Blake? — Dominic perguntou confuso.
Olhei para a mesa e vi a bandeja.
— A moça? — Apontei para a bebida.
— Ela entregou e saiu, algum problema?
Mas antes que eu pudesse responder ouvi, no princípio abafado.
— NÃO!! PARE! PARE! PARE!!
Olhei para Atlas, que pareceu ouvir também. Começamos a caminhar pelo corredor para identificar de onde vinha. Quando cheguei próximo a umas das últimas portas.
— VERMELHOOOOO!!
O grito era de puro desespero, com um único chute a porta veio ao chão.
A cena à minha frente, pareceu despertar o pior em mim.
Juliet estava no chão, mesmo com a máscara conseguia ver o pavor em seus olhos. Calton estava em cima dela, segurando seus braços para cima, e a explorando por debaixo da saia.
Eu simplesmente não pensei, eu só agi. O tirei de cima dela, e o esmurrei, cada soco meu carregado de fúria.
— Blake, me escuta. — Ele tentava argumentar, mas eu não queria ouvir.
Eu já tinha dito que não queria mais esse verme no meu clube, ele não entende o significado de ser um Don. Age por violência, não respeita suas submissas.
Só parei no momento em que o vi praticamente desmaiado. O joguei no chão como se ele fosse o saco de lixo. Na verdade, ele não era um saco, era o próprio lixo.
— Wolf. — Chamei, assim que o vi entrando no quarto. — Tira esse lixo do meu clube, ele está banido. Avise Ambrose e os outros sobre o que ele fez aqui.
Me agachei para encará-lo.
— Você nunca mais pisa em um clube como esse. — Levantei, mas antes de Wolf levá-lo dei um último chute no desgraçado.
Quando me virei para ela, Juliet estava sentada agarrada aos joelhos. Atlas dizia alguma coisa para ela, enquanto acariciava suas costas. Reed estava em pé ao lado deles, a fúria estampada em seus olhos.
Somos Dons, mas nossas cenas são consensuais. Não obrigamos, não violentamos mulheres, tudo que fazemos é para prazer mútuo. O fato de sermos Dons no quarto, não nos dá o direito de sermos escrotos fora dele.
— Atlas, busque algo para o rosto dela. — Ele assentiu, se levantou e saiu.
— Reed, garanta que aquele cretino nunca mais pise aqui. E o avise, que se ele cruzar meu caminho é um homem morto. — Meu tom era duro, e Reed conhecia bem. Não sou homem de muitas palavras, e as poucas que falo… Eu as cumpro.
Abaixei ao seu lado, Juliet estava com a cabeça enterrada entre os joelhos.
— Quer se levantar? Talvez sentar na cama, ou na cadeira?
Ela levantou a cabeça, e me encarou com aqueles olhos azuis que se destacavam através da máscara.
— Obrigado senhor… — Senti meu corpo inteiro arrepiar ao ouvir sua voz tão doce, e ao mesmo tempo tão frágil. — Se não se importasse, gostaria de ir embora. Não precisa me pagar pela noite. — Ela suspirou e virou o rosto. — Só quero ir embora…
Ouvi alguém atrás de mim, e a outra garçonete entrou correndo e foi até Juliet.
— Ju… Aí meu Deus! — a moça a abraçou. — Tá tudo bem agora, ele não pode mais te machucar.
Juliet chorava, soluçava agarrada a amiga.
— Senhorita Pierce, tire a máscara e coloque o gelo em seu rosto. Vai aliviar a dor, e evitar o roxo. — Atlas disse se aproximando.
— Obrigado senhor Atlas, mas se não se importa… Gostaria apenas de ir embora.
— Pague-as e as deixe ir. — Eu disse a Atlas, em um tom autoritário.
Ele assentiu, Juliet levantou com o auxílio da amiga. E foi seguindo até a porta, mas antes de sair olhou para mim com aqueles olhos azuis que mais pareciam dois cristais.
— Muito obrigado senhor. — Nos olhamos por alguns segundos, até que se virou e saiu do quarto.
Reed se aproximou, parando bem ao meu lado.
— Você nunca gostou das frágeis.
— Ela não é frágil. — me virei para ele. — Os olhos dela mostram a força que ela tem.
— Se você diz… — Ele respondeu dando de ombros.
— Eu quero elas fixas, avise o Atlas. A partir de hoje elas trabalham todos os finais de semana.
— Acha mesmo que ela vai voltar depois do que aconteceu?
Um sorriso brincou em meus lábios.
— Eu não acho, tenho certeza. Assim como tenho que ela será minha.