Guillermo mantinha seus olhos na estrada o tempo todo, ela estava realmente linda!
"Guillermo! Não se atreva a se apaixonar por ela! Sabe o que aconteceu da última vez que você se apaixonou!" — o rapaz se repreende.
— Eu não sabia que você tinha um carro. — ela diz olhando para o automóvel.
— Eu não tenho, aluguei esse para hoje a noite. — foi sincero na resposta.
— Quem, em sã consciência, tem carteira de motorista e não tem um carro? — Alice se questiona baixo.
— Quem teve que vender o carro para poder pagar o tratamento da mãe. — respondeu ríspido, não sabia se devia ter contado isso, mas o tom dela lhe ofendeu!
— Sinto muito. — ela baixa a cabeça parecia arrependida pelo comentário anterior — Mas ela já está melhor? — ela estava mesmo interessada.
— Não. — responde ainda sério.
— Eu posso fazer algo para ajudar? — se oferece.
— Bem… — ele fica receoso, ela já havia lhe dado uma boa quantia de dinheiro.
— Foi por isso não foi? — ela fala de repente.
— Quê? — diz sem entender a fala dela.
— Foi por isso que aceitou casar comigo, porque precisa pagar o tratamento de saúde da sua mãe! — ela afirma. — Mas fique tranquilo! Pode deixar que eu vou custear o tratamento dela a partir de agora! — fala enfática, ele pensou em contestar, mas tinha impressão de que não adiantaria de nada.
Ele estaciona em frente ao restaurante esperando o manobrista vir até sua porta, então desce do carro e o que ouve naquele momento o faz rir baixo.
— Chefe? Você está de cliente hoje? — o manobrista diz, surpreso, ao vê-la.
— Sim, Diego, hoje vou ficar com a melhor parte, comer! — ela responde rindo, Guillermo abre a porta para ela lhe estendo a mão. — Obrigada — agradece e se vira para o funcionário. — Pode colocar na minha vaga, assim deixa livre pros demais clientes.
— Sim, senhora. — dito isso ele liga o carro, ela fecha a porta virando-se para o acompanhe.
— Podemos? — ela pega em seu braço.
Eles seguem às portas de vidro que se abrem automáticas, logo a frente Maria os esperava sorrindo.
— Pontual como sempre, Alice. — diz a garota e ri em seguida, Guillermo olha em seu relógio que marca 10:05, estavam atrasados. — Venham por aqui!
A mocinha segue até o centro do salão, onde havia algumas mesas colocadas entre sofás, que formavam semi-círculos ao redor delas, aquele era o local mais romântico do restaurante, os casais tinham uma certa privacidade se fossem adeptos de mãos bobas, ao mesmo tempo, que ficavam relativamente expostos.
— Logo serão atendidos. — fala indicando para se sentarem, e, assim que estavam acomodados, ela se retira.
— Foi você que escolheu essa mesa? — ele pergunta, chegando mais perto de Alice.
— Não, e conhecendo a Maria como eu a conheço, ela nos colocou aqui de propósito! Só para me ver envergonhada, além de te vigiar, é claro!
— Me vigiar? Para quê? — ele fica confuso.
— Para saber como você me trata, se é carinhoso ou ousado, essas coisas, eu a tenho como filha — ela ri da impossibilidade de realmente ser mãe da amiga. — Ela se preocupa com meu bem-estar, do mesmo jeito que eu me preocupo com o dela.
— Então devo ganhar a confiança dela! — afirma, esperando que Maria estivesse o observando tocar na bochecha de Alice, que enrubesce na hora. — Você fica tão fofa corada — fala próximo ao ouvido dela.
— Haham! — um pigarro é ouvido e eles se recompõem.
— Lipe?! — Guillermo fica surpreso em ver o amigo ali.
— Guillermo! — Felipe também estava surpreso.
— Vocês se conhecem? — estavam os três surpresos.
— Sim, é com ele e Pablo que o Juan mora. — Felipe conta-lhe.
— Ah! Entendi! Mas, Lipe, você não deveria estar na cozinha?
— Sim, mas quando você saiu daqui tão apressada, confesso que fiquei curioso, e depois que a Maria me disse que o seu jantar seria aqui, pedi a ela que me avisasse de sua chegada, só não imaginei que você estaria em um encontro!
— E, porque não?! Esse é um dos melhores restaurantes de Madrid, e não sou eu que estou dizendo isso, são os críticos!
— Não por ser aqui, mas por ser um encontro, você nunca sai de casa! Até parece que é anti-social! — ela o encara séria.
— Não ria, Guillermo Blanco! — reclama, ao constatar que o rapaz tentava conter o riso.
— Desculpe, mas você tem que concordar que é uma situação engraçada!
— Mais surpreendente ainda é ver que seu par é ele! Guillermo é outro que só sai de casa para trabalhar! — Felipe completa e foi a vez dela rir.
— Ei! Precisa mesmo disso, Felipe?!
— Se bem que vocês formam um belo casal! — Felipe fala ignorando o comentário de Guillermo — Fiquem tranquilos, eu mesmo prepararei seus pedidos! — sorri e começa a se retirar.
— Mas nós nem pedimos nada ainda, Lipe! — Alice diz.
— Não se preocupem, eu sei, do que os pombinhos precisam. — ele nos dá uma piscadela e segue para a cozinha.
— Okay, isso me deu medo! — ela olha para Guillermo um tanto assustada.
— Você também? — Felipe adora fazer gracinhas e hoje ele aparentava estar bem inspirado.
O silêncio que se seguiu estava um pouco desconfortável, então o rapaz decide puxar assunto.
— Como você conheceu o Felipe?
Ela diz que conhece Felipe há muito tempo, devido à família dele ser próxima da família de seu tio.
— Ah! E quando vocês decidiram abrir esse restaurante? — ele continua o interrogatório.
Alice conta que pouco depois ingressar na faculdade, sofreu um acidente, ficando tão deprimida que esteve a ponto de largar tudo, mas o Felipe lhe deu forças e propôs a sociedade, os tios dela lhe incentivaram muito nessa época, principalmente Helena, eles compararam esse local junto, com os Perez e colocaram nos nomes dela e de Felipe.
— Hummm, você falou dos seus tios e seus pais? — o semblante dela muda, então ele se dá conta, eles são falecidos. — Sinto muito, você não precisa responder se não quiser.
— Tudo bem, eu não lembro muito bem deles, faz mais de 20 anos que eles morreram. — seus olhos brilham devido às lágrimas se formando.
— E você é filha única? — Guillermo muda de assunto rapidamente, não queria vê-la chorando.
— Não! Tenho uma irmã mais nova, Catarina, ela é noiva do Rafael! — o sorriso dela ao falar da irmã fez ele sorrir também.
— Desculpe atrapalhar o casal, mas aceitam uma taça de vinho? — Felipe aparece de repente.
— Você não devia estar preparando nosso jantar? — ela o questiona.
— Você não deve apressar o gênio! Eu ainda estou pensando qual o prato mais adequado para vocês e, enquanto eu não me decido, resolvi lhes trazer um pouco de vinho. Assim vocês podem dar uma enganada no estômago. — ele serve duas taças e sai.
— A cada segundo, que passa, tenho mais receio do que ele pode nos aprontar. — ela fala baixo aproximando nossos rostos.
"Próximo de mais!" — ele pensa.
Seus olhos descem até a boca dela, uma boca pequena tão bem desenhada que nem parecia real, se sente tentado a beijá-la, porém não o faz, ao invés disso, descansa sua testa na dela, a encarando sorrindo, Alice pisca algumas vezes e se afasta com as bochechas rubras.
Em seguida ela pede licença, dizendo que iria retocar a maquiagem, o deixando confuso, pois, até onde podia ver a maquiagem dela estava intacta.
— Nossa, não pensei que o veria em um encontro, Guillermo Blanco! — Ester fala, sentando-se no lugar antes ocupado pela Alice.
— Ester, dê o fora daqui, sim? Logo ela estará de volta e eu não quero constrangimentos desnecessários, ainda mais hoje!
— Porque ainda mais hoje? O que tem de tão especial no dia, de hoje? — ela se aproxima mais.
— Nada que seja da sua conta!
— Guillermo, não seja grosseiro comigo, tivemos bons momentos juntos não é? — ela tenta tocar em seu rosto e ele afasta sua mão.
— Já disse para dar o fora! — segura firme em seu pulso quando ela tenta lhe tocar outra vez.
— Não entendo como pode me trocar por aquela estrangeira! — fala esfregando o próprio pulso.
— Pelo pouco que já sei dela, ela é muito melhor do que você jamais será, agora, vou falar pela última vez, dá o fora, antes que ela volte! — ela se levanta e sai. — Não basta o que me fez! Quer ficar me infernizando!
— Quem era? — Alice fala ao retornar assustando-o.
— Um ser desagradável que só entrou na minha vida para me atazanar! — responde com a mandíbula travada.
— Quer que eu peça para que ela se retire? Não esqueça que esse restaurante é meu.
— Obrigado pela oferta, mas não precisa, sei de algo melhor para deixar ela no seu lugar! — sorri ladino.
— E o que seria?
Ele não responde, apenas levanta, pega as mãos de Alice, e respira fundo.
— Com licença! — diz em voz alta. — Desculpe atrapalhar o jantar de vocês, prometo que será rápido. — olha para a garota em sua frente, seus olhos estão levemente arregalados, ela sabia o que ele ia fazer, o rapaz tenta buscar as palavras certas, nunca havia pedido ninguém em casamento antes, apesar de já ter pensado no assunto uma vez, e de algum lugar de seu subconsciente vem a "luz" que buscava e recita as palavras. — Minha doce Alice, já não posso mais ignorar os anseios da minha alma, mesmo lhe conhecendo a tão pouco tempo, sinto-me muito bem ao seu lado!
— Você é muito gentil, Guillermo Blanco! Posso afirmar que sinto o mesmo! — ela fala e isso o faz sorrir, ela entendeu o que deveria fazer, então ele se ajoelha em sua frente, tirando uma caixinha do bolso.
— Me concederia a honra de se tornar a Sra. Blanco? — abre a caixa revelando o anel.
— Essa proposta é séria?
— Muito séria! — diz ele ainda ajoelhado.
— Sim! Eu aceito me casar com você! — com essa resposta ele se levanta e a beija.
No início ela paralisa, devido à surpresa, mas retribui, as pessoas que estavam ali presentes começam a aplaudir, então ele a solta e coloca o anel em seu dedo.
— Não foi esse anel que comparamos. — ela diz quando o abraça.
— Eu comprei aquele só para ter um molde. — conta ele se soltando dela, e ambos se sentam novamente.