Fecho meus olhos com força, tentando expulsar tudo o que ficou grudado em mim: o olhar dele, o sorriso cínico, a maldita sensação de estar sendo decifrada.
Solto um suspiro pesado, caminho até o banheiro e ligo o chuveiro na temperatura mais quente que consigo suportar. Deixo a água escorrer, tirando a roupa com pressa como se pudesse também me livrar das lembranças.
Mas elas vêm.
Vêm mesmo quando eu não quero.
Encosto as mãos frias na cerâmica da parede, a água escorrendo pelas costas, e fecho os olhos.
Maurício.
O toque dele. O jeito como me puxou pela cintura, como se já me conhecesse. Os lábios quentes colados nos meus, as mãos explorando cada centímetro da minha pele, o arrepio que me atravessou quando ele sussurrou meu nome entre um beijo e outro.
Eu precisava daquilo. Precisava esquecer. Respirar.
Mas agora... agora tudo volta com um gosto estranho. Como se, mesmo na entrega, eu estivesse distraída.
Como se... outra presença tivesse ficado comigo o tempo todo, mesmo sem estar a