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Capítulo 3 – O Preço da Sobrevivência

O salto alto voltava a ecoar pelas ruas da cidade, mas não com a mesma imponência de antes.

Isadora Mancini caminhava com pressa. Não por insegurança, mas porque a cada segundo que passava, seu mundo escorria por entre os dedos. O vestido era sóbrio. Os cabelos, presos num coque elegante. Tudo nela ainda gritava poder, mesmo que fosse apenas aparência.

Chegou ao café reservado com quinze minutos de antecedência. Pediu um expresso duplo e esperou.

Estava prestes a encontrar Amanda Cortez, uma das poucas ex-colegas de profissão que ainda não havia cortado laços abertamente. Amanda dirigia uma agência de branding de luxo e sempre demonstrou admiração pela mente criativa de Isadora. Talvez... ainda houvesse espaço para uma colaboração. Talvez não tudo estivesse perdido.

Amanda chegou com seu blazer bege impecável e um sorriso cordial.

Nada caloroso. Nada frio demais.

— Isadora, querida. Quanto tempo.

— Obrigada por vir. Eu sei que não é o melhor momento...

— Claro que é. Os momentos ruins sempre revelam quem somos de verdade. — disse, cruzando as pernas.

Isadora forçou um sorriso. A guerra estava disfarçada de polidez.

— Eu quero te propor uma parceria. Tenho ideias em desenvolvimento, posso criar campanhas para seus clientes, ajudar a expandir seu setor de luxo… sem custos iniciais. Só um percentual da conversão.

Amanda mexeu no café. Olhou para Isadora como se analisasse uma joia danificada.

— É uma proposta interessante. Se viesse de outra pessoa.

— Perdão?

— Isadora... você virou um símbolo do que as mulheres de negócios não devem fazer. Deixar-se destruir por um homem, misturar o pessoal com o profissional, insistir em uma marca decadente... Você é talento puro. Mas agora... está tóxica.

O baque foi silencioso. Mas Isadora sentiu como se o peito tivesse afundado.

— Estou oferecendo resultados, não reputação.

— E no mundo que vivemos, reputação vende mais que resultado.

Amanda tomou o último gole de café.

— Me escute como uma amiga: suma por um tempo. Reinvente-se. Volte com outro nome, talvez. Outro rosto. Outra narrativa.

Isadora sorriu com os lábios, mas não com os olhos.

— Obrigada pelo conselho.

— De nada. Eu realmente torço por você.

Mentira.

Mas agora nem as mentiras doíam mais. Doíam menos que a verdade.

A caminho de casa, Isadora sentia os ombros mais pesados que nunca. A bolsa parecia carregar pedras. O coração, chumbo. Entrou no táxi e evitou olhar o celular, mas o motorista a reconheceu de imediato.

— Você é aquela moça da TV, né? A que ia casar e foi largada... Que fase, hein?

Ela fechou os olhos, controlando a respiração.

— Só dirija.

Quando chegou em casa, o prédio parecia mais silencioso. Como se até as paredes já soubessem o que estava prestes a acontecer.

Subiu as escadas, e assim que abriu a porta do apartamento, viu a televisão ligada. Marina havia passado ali mais cedo, deixado alguns papéis e, ao que parecia, esquecido a TV ligada.

Mas o que Isadora viu a fez parar no meio da sala.

— "Ex-rainha do design é despejada e vista vendendo joias em joalheria de luxo. Fontes afirmam que Isadora Mancini está sendo ajudada por Ceo misterioso. Fotos vazadas mostram Lorenzo Salvatori saindo de prédio onde mora Mancini."

A raiva subiu como um incêndio. Ela apertou os punhos. Jogou a bolsa no sofá. Desligou a TV.

Era isso.

O mundo inteiro já assumiu que ela estava nas mãos dele.

E agora... talvez estivesse mesmo.

O celular vibrou.

Lorenzo Salvatori:

— “O orgulho pode ser nobre, mas não paga dívidas. A proposta continua de pé. Assinatura até amanhã, meio-dia.”

Isadora olhou para o aparelho por longos segundos.

Então caminhou até o bar. Serviu-se de uísque. Olhou o copo e não bebeu.

Ao invés disso, pegou uma caneta. E o envelope preto que Lorenzo enviou pela manhã que a princípio ignorou, mas não jogou fora porque a deixou curiosa, mesmo sem admitir.

O contrato estava ali. Não era só um acordo. Era um pacto. Um fôlego artificial. Uma prisão com correntes invisíveis e um nome elegante.

Mas era isso… ou o fim.

***

O sol ainda não havia rompido completamente o céu quando Isadora desceu do carro. Os saltos batiam ritmados contra o mármore da entrada, como se quisessem anunciar que, mesmo ferida, ela ainda sabia como fazer um império estremecer.

O prédio onde funcionava o escritório pessoal de Lorenzo Salvatori era sóbrio, discreto e luxuoso. Como ele.

A recepcionista não fez perguntas. Apenas ofereceu um leve aceno e conduziu-a até o elevador privativo.

Quando as portas se abriram, o corredor estava vazio. Mas a porta de vidro fumê ao final, com o símbolo dourado do império Salvatori, se abriu automaticamente.

Lorenzo estava de pé, de costas, observando a cidade pelas janelas panorâmicas. O terno cinza escuro delineava os ombros largos e a postura impecável de quem sabe o poder que carrega até na sombra.

— Pensei que deixaria para o último minuto. — disse ele, sem se virar.

— Pensei em não vir. — retrucou ela.

Ele se virou.

O olhar encontrou o dela como uma lâmina afiada: frio, calculado, satisfeito.

— Mas veio. E isso basta.

Isadora estendeu o envelope preto sobre a mesa.

— Assinado. Três vias. Seladas. E com a condição que deixei escrita à mão na última cláusula.

Lorenzo ergueu uma sobrancelha. Pegou o contrato. Abriu.

Na última página, abaixo da assinatura dela, estava escrita em tinta azul, firme:

— “Nenhum contato físico será permitido entre as partes fora das aparições públicas. Nenhuma insinuação de relação íntima será tolerada. Esse é um contrato de negócios. Não de desejo.”

Ele leu em silêncio.

Fechou o contrato.

E sorriu.

Não foi um sorriso amigável. Foi o sorriso de um homem que acabava de vencer uma guerra, e sabia que a próxima já havia começado.

— Gosto de contratos com cláusulas ousadas.

— Não é ousadia, Salvatori. É autopreservação.

— Você continua tão fascinante quanto imprudente.

— E você continua tão insuportável quanto encantado por controle.

Eles se olharam. Não havia paixão. Não havia ternura. Havia faíscas. Havia tensão. Havia promessas silenciosas de guerra.

Lorenzo caminhou lentamente até o aparador de vidro, onde já havia duas taças de champanhe.

— Brindemos, então. — disse, estendendo uma para ela — Ao renascimento da Mancini. E ao início do nosso acordo.

Isadora pegou a taça, mas não ergueu.

— Isso não é um brinde. É um pacto com o diabo.

— Você está me confundindo com o seu ex.

Ela recuou um passo. Mas não baixou o olhar.

— Eu só vim porque o mundo me virou as costas. Não pense que isso me torna sua.

— Ainda não. — ele disse, bebendo um gole — Mas já é um começo.

Ela segurou a taça firme, sem beber. O silêncio entre eles era feito de aço e seda.

— Qual o próximo passo?

— Vamos tornar público. Hoje mesmo. A mídia receberá a nota oficial. Amanhã, nos veremos no evento da Câmara de Comércio. Você será apresentada como minha esposa. Uma fusão estratégica entre Salvatori e Mancini. Uma história de renascimento, perdão e poder.

— Que mentira bonita.

— A imprensa adora mentiras com final feliz.

Isadora se virou para sair, mas ele falou antes que ela alcançasse a porta.

— Você pode se proteger com cláusulas. Com palavras afiadas. Mas no fundo, sabe que esse jogo não é só meu.

Ela parou.

Virou apenas o rosto, os olhos por sobre o ombro.

— Você está certo. Não é só seu. Mas não se engane, Salvatori... eu sou uma jogadora perigosa.

Ele a olhou com intensidade. Como se cada palavra dela fosse uma dança que ele já tinha coreografado.

— E é exatamente por isso que eu escolhi você.

Ela saiu sem dizer mais nada.

Mas naquele escritório, enquanto Lorenzo segurava o contrato em mãos, o cheiro da tinta fresca parecia um perfume de vitória.

E nos olhos dele… havia fome.

Porque agora, ela era oficialmente dele. E ele faria de tudo para que isso deixasse de ser apenas um papel.

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