Aurora estranhou o silêncio assim que abriu a porta.
Normalmente, havia o som do motor da geladeira, o tique-taque do relógio da parede, o leve zumbido da rua entrando pelas janelas. Mas naquela noite, nada. Nem um sussurro.Ela entrou com passos lentos, mantendo a bolsa firme junto ao corpo.As luzes estavam apagadas. Mas ela tinha certeza de que havia deixado a da cozinha acesa ao sair pela manhã. Sempre deixava. Um hábito quase irracional. Como se a luz espantasse o silêncio dos pensamentos.Tocou o interruptor. A lâmpada piscou uma vez… e apagou.Aurora parou. Sentiu o coração bater no fundo da garganta.Pegou o celular e ativou a lanterna. Tudo parecia no lugar. Mesa, sofá, quadros. Mas a sensação de que o ar tinha sido... remexido... era impossível de ignorar.Foi até o quarto.A cama estava arrumada. Mas havia algo diferente no travesseiro. Um envelope branco.Sem remetente. Sem nome.El