71. Eu não posso

Lúcia Mendes

Nate deu um passo pra dentro, mas eu não me movi.

O médico voltou, ajeitando os óculos, e começou a passar um antisséptico nos cortes do meu braço. Ardeu como o inferno, mas nem pisquei. Meu olhar estava cravado nele. Nele. Nate Donovan.

"Eu sinto muito por isso", ele disse, a voz grave.

Eu ri, balançando a cabeça, mas não respondi. Não na frente do médico. Não com um estranho vendo minha vontade de xingar até ficar sem voz.

A verdade é que a culpa não era só dele. Essa confusão já existia antes dele aparecer. Eu que escolhi entrar na porcaria daquele site. Eu que já estava atolada com Célia e Eduardo. Ele só... piorou tudo. Foi a cereja do meu bolo de caos.

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