Lúcia Mendes Donovan
Assim que cruzamos a soleira da sala, Olivia fechou a porta atrás de nós. O clique soou alto demais, como se tivesse interrompido a música de fundo de uma festa que ainda não começou. O ar ali dentro parecia mais denso, perfumado por lavanda, um difusor discreto sobre o aparador tentava, em vão, dar um tom de calma àquilo tudo.
“Me diz logo o que está acontecendo” falei, ainda no batente.
“Se acalme Lúcia,” Olivia respondeu, sem cerimônias. “Vou te passar tudo.”
Minha mãe levou a mão ao peito, respirou uma, duas vezes, e a tosse veio em ondas curtas, insistentes, como dedos batendo no vidro. Corri até ela.