Lúcia Mendes Donovan
A manhã chegou com cheiro de álcool 70 e sol filtrado pela persiana. Eu já conhecia o telhado da janela do sétimo andar como a palma da mão. O bip do monitor tinha virado trilha sonora, a bandeja do café um déjà vu de gelatina incolor, e o meu corpo… o meu corpo finalmente parecia entender que a tempestade tinha passado. Samuel, quietinho, acompanhava o ritmo; às vezes eu quase jurava que ele reagia quando Nate aparecia, como se reconhecesse o peso dos passos dele no corredor.
A porta bateu de leve. A Dra. Miller entrou com a prancheta e aquele ar de “notícias importantes”.
“Bom dia, senhora Donovan.”
“Me diz que hoje é o dia em que eu fujo pel