Nathaniel Donovan
O desenho cantava alto na sala, cores berrantes na TV, Eliza deitada entre mim e Lúcia, ainda com a perna esticada e o curativo de estrela brilhando. Eu queria que fosse um momento simples. Não era.
O celular da Lúcia vibrou pela terceira vez em menos de dez minutos. Número desconhecido. Novamente ela virou a tela para baixo, como quem esconde uma faca.
“Spam.” Ela sorriu curto, sem mostrar os dentes. “Deve ser operadora.”
“Silencia.” Falei baixo, sem tirar os olhos do desenho.
“Já silenciei.”
Mentira. Eu conheço os pequenos sinais: o polegar esfregando a lateral do aparelho, o jeito que ela p