111. Uma conversa
Lúcia Mendes
O toque do celular explodiu no quarto silencioso e eu acordei toda embolada em Nate, perna por cima dele, braço debaixo do peito, rosto enterrado na clavícula. Tentei sair de fininho, mas enrosquei no lençol, escorreguei metade da cama e quase fui ao chão.
A mão dele me segurou pela cintura, firme. “Você é muito desastrada, chaveirinho.”
Uma risada escapou, nervosa. “Ainda estou acordando...” Tateei a mesinha, peguei o celular sem olhar e atendi. “Alô?”
“O QUE EU FAÇO COM VOCÊ, LÚCIA?” A voz da minha mãe veio como sirene. “ONDE VOCÊ ESTÁ? Você é a noiva, pelo amor de Deus! O salão está esperando faz uma hora!”
Eu congelei. “Que horas são?”
Olhei a tela. Onze. Onze horas. Meu coração pulou uma batida. “Mãe, eu...”
“Nem venha com desculpa. Levanta e vem. Olivia já está pronta, eu também. Você só tem que sentar na cadeira e deixar fazerem milagre. Anda!”
“Tá. Tô indo.” Desliguei numa pressa culpada.
“Que foi?” Nate, deitado de lado, me observava com aquele meio sorriso pregu