Minha vida não foi nada fácil, isso é um fato. Concordo que a do meu irmão foi tão difícil quanto. Talvez até mais, pois minha mãe cuidava muito mais de mim. Ainda assim, o comportamento que ele teve não é justificável, não para mim. Mas o que me esperava era simplesmente demais para mim.
Eu estava me arrumando para me deitar, quando fui surpreendido por uma batida na porta. Autorizei a entrada, achando que fosse Malu. Não era.
- Oi.
- O que você quer?
- Conversar.
- Não temos nada pra falar.
- Está enganado e não vou sair daqui até que me ouça.
- Se não tem outro jeito...diga de uma vez.
Ele ficou em silêncio e trancou a porta. Se aproximou contando os passos e se apoiou na parede em frente a minha cama, com os braços cruzados. Se fosse outra pessoa eu diria para se sentar, mas queria que ele fosse logo embora.
- Eu esperei até tão tarde para que o nosso...pai...
- Ele é seu pai, não meu.