“Hana”
Eu estava me olhando no espelho, eu ainda podia ver a marca do tapa que o Frederico me deu, mesmo que ela tivesse desaparecido por completo, eu ainda a via ali. Era assim, sempre que ele me batia eu ficava assombrada pelas marcas, mesmo que elas já tivessem desaparecido. E aí ele me batia de novo e as marcas fantasmas davam lugar para as novas. Era como se as marcas que ele me deixava me lembrassem de que ele faria de novo.
As lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto enquanto a minha memória voltava para aquele período doloroso e escuro da minha vida, aquele quando eu achava que eu estava apanhando porque merecia, porque foi culpa minha descumprir qualquer regra idiota que ele havia criado ou porque eu o havia irritado. Agora, depois de conseguir me livrar daquilo tudo, eu me olhava no espelho e pensava em como eu pude acreditar que merecia aquilo? Como eu permiti que tudo aquilo fosse feito comigo? Como eu pude ter tão pouco ou nenhum amor próprio? A verdade é que eu pensei