Capítulo 5
Ponto de Vista de Eric

Isabella disse que estava entediada, então achei que um fim de semana na casa do lago animaria seu humor. Era o mínimo que eu podia fazer.

Enquanto isso, Evelyn estava trancada na minha propriedade — punição tanto por sua atuação medíocre quanto por ter empurrado Isabella naquele dia no deque.

A audácia.

Como ela ousa tratar Isabella daquela maneira? Se não fosse por Isabella, eu nem estaria aqui — literalmente.

Então sim, talvez eu tenha exagerado um pouco com Evelyn.

Mandei uma mensagem mais cedo, só para ver como ela estava.

Sem resposta. O que era… estranho. Evelyn geralmente respondia rápido, mesmo que fosse só com um emoji sarcástico. Mas agora? Silêncio total.

Meu celular vibrou, um alívio instantâneo passou por mim.

Mas Isabella o arrancou da minha mão antes que eu pudesse olhar a tela.

— Sem celular, Eric. — Disse ela, com um biquinho brincalhão nos lábios. — Você prometeu que me daria atenção total neste fim de semana.

— Desculpa. — Murmurei, tentando pegar de volta. — Deve ser a Evelyn. Só quero garantir que ela está bem.

O sorriso de Isabella sumiu. Os olhos dela brilharam de raiva.

— Eu sabia. — Soluçou. — Você ainda está pensando nela. Então por que me trouxe aqui, se sua cabeça continua presa na Evelyn? Depois de tudo que ela me fez, achei que pelo menos neste fim de semana eu poderia ficar livre dela.

Antes que eu pudesse responder, ela se virou bruscamente e saiu marchando.

— Isabella, espera! — Corri atrás dela, sentindo o peito apertar.

Ela tinha razão. Não era justo pensar na Evelyn — não enquanto eu estava com Isabella. Não depois de tudo.

Ainda assim... a última vez que vi Evelyn, ela não parecia ela mesma. Distante. Instável.

Mas talvez fosse só paranoia.

O que ela poderia fazer? Eu tinha seguranças vigiando ela.

Quando alcancei Isabella, entreguei meu celular para ela.

— Fica com ele. Eu sou seu este fim de semana. Só seu.

O sorriso dela voltou como sol depois da tempestade. Ela me beijou suavemente.

— Você é o melhor. — E então, depois de uma pausa: — Eric, eu meio que queria jantar à beira do lago. Você pode ir falar com o chef?

— Claro, meu amor. — Murmurei, passando o braço ao redor da cintura dela.

Me virei para voltar pra casa, mas parei — merda. Esqueci de perguntar o que exatamente ela queria comer.

Corri de volta.

E congelei.

Adam estava com Isabella. Não conversando — mas abraçados e se beijando como um casal.

Isabella envolvia o pescoço dele com os braços, beijando a orelha dele e rindo.

Que porra é essa?

— Adam, se não fosse por você. — Ela disse, com um sorriso presunçoso. — Eric nunca teria acreditado naquela história de que eu o salvei no México. Sem falar nesse fim de semana romântico à beira do lago... e em me tornar o amor da vida dele.

Adam riu, deslizando a mão pela bunda dela.

— Que tal um agrado mais tarde? Tô com saudade de estar por baixo de você.

O sangue sumiu do meu rosto. Meu braço direito. A mulher que eu achava que amava. Juntos. Se beijando. Rindo de mim. Me enganando.

A risada escura de Adam ecoou.

— Tô arriscando tudo aqui por você, amor. Se o Eric descobre a verdade? Você sabe como ele fica. Ele mata a gente.

— Ai, relaxa, amor. — Ela ronronou. — Ele nunca desconfiaria da gente. A gente deu o show perfeito pra ele. — Ela apoiou a cabeça no peito dele. — Aliás… — Perguntou, com doçura forçada. — Como você lidou com a Evelyn aquele dia? Você não...

— Deus me livre. — Adam fez cara de nojo. — Ela é lixo. Não é meu tipo. Mas eu humilhei ela. Fiz ela rastejar no chão como um cachorro.

Isabella riu.

— Você é tão perverso.

Os lábios deles se colaram de novo. E aquilo foi o fim.

Eu saí das sombras, levantei minha arma e disparei um único tiro para o alto.

Eles se separaram como adolescentes pegos no flagra.

Adam quase se mijou. Isabella ficou pálida como papel.

— Chefe, eu... era uma piada! Só brincadeira! — Adam gaguejou. — Eu nunca...

Mas eu já nem ouvia mais. Eu nem estava com raiva por ele ter beijado Isabella. Eu estava com raiva pelo que ele disse sobre Evelyn.

Fazer ela rastejar. Como um cachorro.

A raiva explodiu dentro de mim como uma granada.

— Como você se atreve. — Rosnei.

Apontei para a perna de Adam e puxei o gatilho.

Ele gritou ao cair, sangue encharcando a grama.

— Me desculpa! Por favor. Chefe. Por favor, não me mata — eu conto tudo!

Fui andando na direção dele, arma ainda fumegando.

— Então começa a falar. — Minha voz saiu fria e letal. — Quem realmente me salvou no México?

Porque agora eu sabia — não tinha sido Isabella.

E naquele instante, tive uma sensação muito, muito ruim sobre quem realmente me salvou.

— Eric! — A voz de Isabella gritou atrás de mim. — Não acredita em uma palavra desse verme! Adam me ameaçou, disse que se eu não transasse com ele, ele me mataria!

Nem me virei. Nem olhei pra ela.

— Diz mais uma palavra… — Avisei friamente. — E a próxima bala atravessa sua cara.

Adam se arrastou, puxando a perna ferida pelo chão sujo de sangue, agarrando minha calça como um cachorro.

— Por favor, Chefe. Você precisa acreditar em mim.

O rosto dele estava coberto de lágrimas e suor.

— Eu... eu perdi a cabeça quando Isabella veio até mim. Ela implorou pra eu mentir pra você. Disse que ia ajudar a manter a Evelyn fora do caminho. Mas não foi a Isabella que te salvou no México — foi a Evelyn. Foi ela quem tratou seu ferimento. Ela é a médica. A Isabella... ela só fingiu esse tempo todo.

Ele fungou.

— Por favor... Eu nunca quis te machucar. Eu achei que...

Ele não terminou. A voz dele desmoronou sob o peso da culpa.

— E o deque. — Adam acrescentou, mais baixo agora. — Aquele dia que Isabella disse que Evelyn a insultou... foi a Isabella que bateu nela primeiro. Evelyn nunca tocou nela.

Então Isabella pulou em cima dele como uma cobra, pressionando a mão contra a boca de Adam.

— Cala a boca! — Sibilou. — Eric, não escuta ele. Ele tá mentindo. Você sabe que fui eu que te salvei. Você sabe que fui eu! E todos os bons momentos que a gente teve juntos. Isso também foi real.

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