Nathaniel
A água parecia engolir o mundo.
Por um segundo, tudo o que ouvi foi o som surdo do meu próprio coração batendo nos ouvidos. O grito dela ainda ecoava dentro de mim quando mergulhei. O som mais desesperado que já ouvi. A imagem dela sendo puxada para a borda do cais, as mãos se debatendo no ar, os olhos arregalados de pavor, foi a faísca que me fez saltar sem pensar.
Não importava o frio, não importava o medo. Só existia ela.
Quando a água gelada me atingiu, senti o choque percorrer o corpo inteiro, mas a dor não era nada comparada ao desespero que me rasgava por dentro. Abri os olhos e só vi borrões. Ela estava lá embaixo, afundando rápido, o vestido amarelo rodando como uma mancha pálida na escuridão da água.
O pânico subiu pela minha garganta.
Eu me forcei a nadar, a atravessar aquela distância que parecia impossível.
Não, por favor… não, não agora, pensei, enquanto estendia a mão.
Consegui agarrar o braço dela, e foi como segurar um corpo sem força, mole, submisso à cor