Pouco carinhoso

CAPITULO 2

Versão de Felipe e Maria Júlia

Felipe voltou para o quarto no outro dia e ficou olhando para a moça sentada na cama. Pegou o seu celular e fez uma ligação:

— Mandem a Aurora aqui no quarto! — Ele apenas disse isso, e desligou. Então Maria Júlia pensou preocupada, em quem seria a Aurora? Mas, não perguntou nada, apenas observou o seu marido que estava nu, agora sem a toalha terminando de se enxugar, e também notou quantas marcas de cicatrizes ele tinha pelo corpo, que eram muitas.

— Essas marcas? — Pergunta ela, olhando para o seu corpo.

— Já deveria ter se acostumado! Ah... você não lembra né? Bom, não estou afim de contar de novo... tenho que sair agora! — Disse enquanto terminava de colocar as roupas que estava vestindo.

— Felipe, me diz uma coisa? Você sabe algo sobre a minha família? — Perguntou ela para o marido com medo.

— Sim, você não tem! Achei que a enfermeira já havia lhe contado. — Diz fazendo pouco caso.

— Ah, sim! Ela me contou... é que, eu tive um sonho ontem, e nele eu estava com algumas pessoas, que aparentemente eram da minha família, eles moravam em uma casinha bem simples, marrom... — Ela dizia, quando Felipe Lombardi, a cortou:

— Não crie ilusões, Pupila! Não quero que sofra depois! Você não tem ninguém, cresceu em um orfanato, e quando te conheci, você não tinha ninguém! — Diz enquanto termina de passar o seu perfume, e arrumar os cachos dos cabelos com o creme.

— Hum... entendi! Tem algo que eu possa fazer, aqui nesta casa? Pois você vai sair para trabalhar, e eu terei que ficar o dia todo aqui? — Pergunta inquieta, mexendo sem parar na barra do lençol.

Felipe bufa, incomodado, vira para o espelho, pensa por alguns instantes, e então fala:

— Tem várias televisões, e estão todas funcionando, com programas bem legais que você gosta, mas quando eu voltar trarei um celular, para que fique mais confortável no quarto!

— Está bem, então! De qualquer forma preciso repousar ainda né? — Ela fala a suspirar, e eles ouvem as batidas na porta.

— Entra Aurora! — Felipe Lombardi ordena.

Aurora entra no quarto com os olhos murchos, olhando para o chão e com toalhas na mão, então Felipe a instrui:

— Ajude-a com o banho e traga o seu café no quarto, e a hora que ela quiser ver televisão, leve-a até sala principal! — Fala com semblante sério.

— Sim, senhor! — Responde a mulher, parecendo pertencer a um exército, e não uma simples funcionária.

— Bom! Vou trabalhar! — Diz Felipe Lombardi e sai.

Ela ainda estava nua, sentada na cama e estranhamente não se incomodou com isso, a governanta veio ao seu encontro para apoiá-la até a banheira, que ela já estava limpando e enchendo, e então ela se dirigiu ao banho.

A governanta era bem séria, mas a tratava bem, dava para notar que ela não era uma pessoa má, só estava cumprindo o seu trabalho. Ela tinha em média de uns quarenta anos, talvez menos.

— Seu nome é Aurora, né? — Perguntou Maria Júlia sorridente.

— Sim, senhora! — Respondeu, apenas isso.

— Me diz uma coisa, Aurora... eu e você já nos conhecemos? — Ela pergunta curiosa, para a mulher que a ajuda, mas nem levantar os olhos para olhá-la.

— Sim, senhora! — Diz a Aurora rispidamente.

— E somos amigas, não é? — Insiste na pergunta, pois ela não é boba, e já percebeu que a mulher lhe esconde algo.

— Olha, senhora! Eu não tenho autorização para lhe falar nada, o senhor Lombardi proibiu a todos, disse que atrapalharia na sua recuperação da memória, e eu pretendo cumprir as ordens dele! — Diz a Aurora, completamente inquieta, incomodada.

— Está bem, Aurora! Não quero atrapalhar o seu emprego! — Falou Maria Júlia concordando, mas internamente ela soube, que tinha algo mais ali. “Por qual motivo, o marido teria dado esta ordem?“, pensou ela.

Na sala...

— Aurora, por que essa casa é tão grande? Nós nem conseguimos usar tudo isso! Sabe se o meu marido tem família que nos visita, ou ele usa a casa para outros fins?

A mulher arregalou os olhos em espanto, como se a moça tivesse falado algo proibido, e ficou muito perdida para responder.

— Seu marido tem parentes, sim! Mas, eles não vêm com frequência!

— E o lado de trás da casa? O que é? — Pergunta novamente.

— Não tenho autorização para falar sobre isso, senhora! Terá que perguntar ao senhor Lombardi! — Diz a Aurora, aparentemente com medo, ou receio.

— Tudo bem Aurora! Só não entendo para que tanto mistério! Mas, tudo bem...

Maria Júlia estranhou novamente, pois a parte externa que ficava nos fundos, pareciam ser alojamentos, mas isso era impossível, provavelmente seria outra coisa, pois, porquê motivos, eles teriam alojamentos ali, não é?

Sentou no grande sofá, com dor na sua perna, mas se ajeitou bem, e decidiu aproveitar o dia em frente aquela televisão, que era a sua única distração naquele momento...

Ela observava uma movimentação um tanto estranha do lado de fora, mas não conseguia ver direito o que acontecia ali. Tinha seguranças demais na residência, e ela estranhava bastante, por ser uma residência não deveria ser assim, mas Maria Júlia conhecia muito pouco do marido para saber a respeito, e precisaria esperar o momento certo para perguntar a ele.

De vez em quando ela ouvia algo meio abafado, e ficava com a impressão de serem gritos, mas não dava para ter certeza, e eles misteriosamente sumiam do nada, ela começou a achar que a pancada havia mesmo afetado a sua cabeça, pois começou a achar que estava ouvindo demais e aquilo era loucura.

Os funcionários evitavam de olhar para ela, pareciam ter algum tipo de medo, e a jovem começou a se perguntar se ela teria os tratado mal antes do acidente, pois ninguém ousava a olhar e nem falar, mas a questão de falar também poderia ser por causa de algo relacionado ao marido, Felipe Lombardi que poderia ter realmente pedido.

Ela gostaria de saber detalhes do seu relacionamento e da sua vida, pareciam muito vagas as informações que recebeu, e já havia notado que o marido não era do tipo que gostava de falar muito, e ela precisava de estratégias melhores de perguntas para convencê-lo a lhe contar.

No quarto...

Ela acabou esquecendo o ocorrido na sala sobre os gritos, e perdida em pensamentos, ela acabou dormindo.

Maria Júlia não sabia, mas os remédios que ela estava tomando eram calmantes, uns que já tomava antes para os nervos, e para ficar mais tranquila, e outros para atrapalhar a sua memória de ser recuperada, pois Felipe Lombardi, era o mais interessado em que a mulher dele, não lembrasse nada do que aconteceu antes do acidente, pois teria muita coisa para explicar, e não tinha vontade, de voltar a aquele assunto.

Apenas um dos remédios era para dor, mas agora ela não aguentou e foi vencida pelo sono, aonde mais uma vez, logo perceberia que a rotina de pesadelos, não a deixaria em paz.

Na mente de Maria Júlia, enquanto dormia...

Maria Júlia se sentia cansada, e com o corpo mole tentou levantar, mas a sua cabeça não estava ajudando. Olhou para os lados, e viu as mesmas listras amarelas com azuis nas paredes, que a fez lembrar do que estava acontecendo com ela, que estava nua, apenas com um lençol.

Ela estava desesperada, e não conseguia se levantar, quando viu a Aurora entrando no quarto ela teve medo e se encolheu como deu naquela cama, temendo ser machucada outra vez.

— Calma menina! Vim te ajudar, você precisa tomar banho, também trouxe um remédio para dor...

No sonho a Aurora era diferente e falava bastante, parecia querer ajudar, e a menina estava muito confusa, mal conseguia mexer as pernas, então a Aurora levou uma cadeira no banheiro, para ela se sentar e a ajudou a tomar banho.

Maria Júlia estava se sentindo melhor, mas o seu desespero aumentou quando viu o mesmo homem na porta do quarto, e viu a Aurora saindo.

Aquele rosto parecia com alguém, mas naquele lugar eram confusas as imagens, pois lembrava o rosto do marido, e isso não seria possível na cabeça da jovem... ou seria? Era uma situação complexa, e ela no momento não saberia dizer…

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