Jenna
"Todos para o subsolo! Agora!"
Minha voz ecoou pelos corredores da mansão, misturada ao som de passos apressados, portas sendo fechadas, móveis sendo arrastados. O medo tinha cheiro, tinha forma, e agora… tomava conta de todos nós.
"Mas, Jenna, o que está acontecendo?" uma das cozinheiras perguntou, trêmula, agarrada ao avental como se fosse escudo.
"Ordens do Alfa!" respondi, irritada. "Só obedeça, por favor. Vão para os túneis. Agora."
Eles me olhavam em pânico. Queriam respostas. Mas eu não tinha nenhuma que pudesse aliviar aquilo. Porque a &uacut
StefanosO silêncio naquela alcateia não era normal.Era o tipo de silêncio que vem antes da guerra.Ou depois da traição.Do alto da colina, observei os telhados alinhados da cidade do Supremo, os postes apagados, as ruas vazias demais. Nem uma alma ousava andar por ali."Estão com medo", murmurei, quase sorrindo. "Como deveriam."Atrás de mim, meu pelotão se posicionava. Lobos treinados. Implacáveis. Leais. E principalmente, letais.A voz de Rylan soou pelo rádio no meu ouvido.
NuriaO silêncio cortante da prisão foi o primeiro a mudar.Não com palavras.Mas com passos.Rápidos, descompassados. Um corre-corre abafado, como se fantasmas estivessem atravessando os corredores de pedra. Me aproximei da parede fria, pressionando o ouvido contra ela.Algo estava errado.Ou… certo demais.Foi quando ouvi.O som de grades se rompendo.E então, um estrondo. Aç
Nuria"Vermelho."A palavra me escapou num sussurro trêmulo, enquanto observava a gota escorrer pela minha mão.Não azul.Não Millenar.Vermelho.Meu sangue… mudou.Olhei para Stefanos, e naquele instante, eu soube.E ele também.Nos olhos dele, havia um brilho que ninguém mais podia entender. Não era choque.Erareconhecimento.Estávamos esperan
StefanosEu sentia.O poder fervendo sob a pele.O salão inteiro estava em silêncio, mas era o tipo de silêncio que precede oestouro de uma guerra.Nuria estava atrás de mim.Seus dedos ainda entrelaçados aos meus.Seu cheiro, o nosso vínculo…a certeza de que ela estava viva e seguraera a única coisa que me impedia de matar antes da hora.Mas o Supremo…
StefanosO corpo do antigo Alfa Supremo ainda estava aos meus pés.O coração dele, agora inútil, jazia no chão como símbolo do que havia terminado.Mas ainda havia contas a ajustar.Virei o rosto, lentamente, em direção aos conselheiros.Todos estavam pálidos. Alguns tremiam. Outros fingiam bravura atrás de olhares altivos."Quantos de vocês sabiam?" perguntei, a voz baixa. O tipo de tom que antecede o caos.Silêncio."Quantos de você
StefanosO rugido da multidão ainda ressoa nos meus ossos, um trovão vivo que faz meu sangue pulsar. O sol poente lança sombras longas no pátio, tingindo tudo com um vermelho ardente, como se o próprio mundo estivesse manchado pela batalha que acabamos de vencer. O corpo do antigo Supremo jaz ao fundo, uma pilha quebrada de carne e orgulho, mas ninguém ousa desviar os olhos de mim. Não, de nós.Puxo Nuria para o meu lado, meus dedos cravando-se na curva de sua cintura. Ela caminha com a graça de uma predadora, cada passo exalando poder, realeza antes mesmo de eu proclamar o que ela é. O calor do corpo dela contra o meu é uma corrente elétrica, e por um instante, quase esqueço da multidão. Quase.“Lobos da Boreal,” minha voz corta o ar como uma lâmina, grave, vibrando no peito de cada um que me encara. “E
NuriaA luz dourada da lareira dançava pelo pequeno salão enquanto o som do riso preenchia o ambiente. Meu pai serviu mais uma rodada de vinho, minha mãe cortava pedaços extras de torta para Elias, e Gael ainda insistia em me provocar."Você vai mesmo fazer isso?" Ele perguntou, encostado na mesa, os braços cruzados."Claro que vai," meu pai respondeu antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. "Minha filha, primeira violinista da Orquestra Nacional!"O orgulho em sua voz fez meu peito vibrar. Ser escolhida para a Orquestra Nacional era um sonho que eu nem ousava imaginar, e agora estava diante de mim. Mas havia um preço."Se eu aceitar, terei que viver entre os humanos."O silêncio caiu por um instante.A Alcateia Lunar sempre fora meu lar. Uma comunidade fechada, isolada dos humanos, escondida entre as montanhas. Enquanto outras alcateias tentavam se misturar ao mundo moderno, a nossa se mantinha fiel às tradições antigas. Saindo dali, eu me tornaria mais uma loba aventureira."Você
NuriaSeis meses.Seis meses de agonia. De dor. De espera.Seis meses de um pesadelo sem fim, onde cada dia era um lembrete de que minha existência não me pertencia mais.O Alfa da Alcateia Invernal não era um homem. Era uma sentença.Desde a noite em que Solon marcou minha pele com seus dentes, eu me tornei sua propriedade. Seu experimento. Seu fracasso.Ele me trancou em um quarto, me forçou a beber seus chás, a suportar seus toques, a ouvir suas promessas doentias. Me reduziu a nada além de um ventre vazio, uma peça defeituosa no seu plano de grandeza.E agora, meu tempo acabou.A sentença seria cumprida.Meus olhos estavam fechados, mas eu já sentia tudo ao meu redor.O cheiro da terra úmida. O vento cortante da noite. As correntes frias ao redor dos meus pulsos e tornozelos. A respiração irregular das outras mulheres condenadas.O altar estava pronto.Eu seria sacrificada à Deusa.Um grito cortou o silêncio.Dessa vez, eu abri os olhos.A dor veio de imediato. O ferro cravado em