Campeão, o amor
Campeão, o amor
Por: A. C. Mabrano
Capítulo 1

Autora

A. C. Mabrano escreve romances para os românticos, poemas para os poéticos e canções para todos.

Gosta de pessoas.

Gosta do sol, da lua e de estrelinhas brilhantes.

Do mar, montanhas, animaizinhos...

Ah, Deus é bom!

__/

Para minhas sobrinhas, doces meninas.

__/

Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

__/

Eu te vejo lindo... tu me vês.

Paula Braga, poeta e dramaturga

__/

Capítulo 1

André tinha um jogo decisivo para aquela tarde. O futebol era uma de suas paixões. Mas estava bem preparado. Eles estavam vencendo o campeonato escolar. Seu time era unido e organizado.

O telefone tocou. Outra paixão, sua namorada Vanessa.

Atendeu sorridente.

— Oi Nessa, tudo bem?

— Fora o calor, tudo ótimo. Meu cabelo escorreu. Precisei marcar um horário com o Marquinho urgenteee.

— Hoje?

— Claro que é hoje. Ele me encaixou para as três da tarde. Ele é o máximo, não troco de cabeleireiro por nadaaa — Vanessa sempre puxava a vogal final, para dar ênfase às palavras. Às vezes isso irritava André.

— Sério, Nessa, que você vai às três? Esqueceu que eu tenho jogo às três e meia? Você prometeu ir assistir.

— Olha, André. Esses jogos são tão demorados... Eu vou chegar a tempo — mas ela não tinha a menor intenção de ir. Com o cabelo pronto para o fim de semana, ela não ia ficar na arquibancada debaixo daquele solão, suando toda. E ele sabia disso.

— Eu vou te esperar.

Falaram ainda um pouquinho sobre o cinema combinado para o sábado, mas ele desligou aborrecido. Os amigos tinham a maior inveja dele, porque a Vanessa era super gata, mas ele às vezes achava que nos momentos mais importantes para ele, sempre estava sozinho. Ela não era de dar muito apoio, se não tivesse um interesse pessoal no assunto.

Chegando ao portão de casa, André viu que a avó, dona Luiza, ia saindo com uma sacola reciclável.

— Vai ao mercado, vó?

— Padaria. Quer alguma coisa?

— Sorvete — ele sempre queria sorvete.

— Fio, (A avó o chamava assim, forma carinhosa adaptada de filho) hoje tem jogo, é melhor você comer frutas — dona Luiza era sua maior fã. Ela o ajudava a se alimentar direito, estava sempre estudando umas tabelas de nutrição para atletas, para poder cuidar melhor dele. Ela era um amor.

Logo que André demonstrou interesse pelo futebol, dona Luiza comprou para ele chuteiras boas e livros sobre o esporte.

Entrando em casa, André foi direto para o quarto. Não queria se encontrar com o pai, que sempre o tirava do sério. Nunca uma pessoa irritou tanto outra, sem ser inimigo declarado, quanto seu Roberval irritava André.

Desde pequeno, o menino ouvia do pai, palavras que o diminuíam. Ou ouvia gritos e resmungos. Aprendera então, a sair do seu caminho.

...

O sol estava mesmo de rachar. André olhou para as arquibancadas. Nem sinal de Vanessa. Ele já sabia.

O jogo fora emocionante até o momento. A torcida estava agitada. A decisão seria por pênalti.

Ele ia chutar. Era uma responsabilidade para ele, o último chute ia decidir a partida, mas essa era a adrenalina.

— Goooooool — a torcida de sua escola gritava alto, pulando, se abraçando, invadindo o campo. Os brasileiros eram tão apaixonados, em tudo o que faziam...

André se lembrava de uma copa do mundo, anos atrás, em que a França ganhou e a torcida, sentada, aplaudiu. Mas eles não tinham sangue na veia? Não conseguia entender.

Já estava abraçado com uns três colegas e uns dois desconhecidos. Todos cantavam o jingle do time da escola, pulando eufóricos. Isso é que era viver com intensidade as emoções.

Esse dia seria inesquecível.

Estava no último ano do colegial e ia aproveitar ao máximo cada acontecimento. Os esportes e as festas.

No próximo ano iria fazer cursinho e já tinha decidido estudar muito. Não teria muitas chances para diversão. Queria entrar na faculdade de publicidade, pois era bom com desenhos. Mas teria que se esforçar, porque não podia pagar faculdade particular.

— Ei, André, o pessoal vai lá em casa comemorar... Quer uma carona?

— Quero sim, Gera... — o pai do Gera, seu melhor amigo, não se importava com a música alta e a bagunça da turma, contanto que tivessem vencido o jogo. Era outro louco por futebol.

André enviou um whats para a Vanessa, avisando que estava no Geraldo, mas ela nem visualizou.

...

No dia seguinte Vanessa estava toda carinhosa. Nem prestavam atenção ao filme. Ela estava linda, como sempre. Estava toda vaidosa com a vitória de sua escola no jogo da véspera. Parecia que ela é que tinha jogado.

— Nós somos os melhores do mundooo, não é? — ela cochichava no seu ouvido.

— Sim — era melhor concordar pra voltar a beijar.

— Posso ficar com a medalha?

— Eu dei pra minha avó.

— Chato — fez beicinho. Parou de beijá-lo.

Mas quando o assunto era a avó, André era irredutível. Dona Luiza praticamente o criava. Supria suas necessidades de roupas, livros, comidas gostosas. E ainda ia pagar seu cursinho. Ela recebia uma boa aposentadoria, porque seu marido dera sorte de trabalhar muitos anos para a empresa ferroviária, antes de fazer bicos de eletricista. E ela havia trabalhado como professora primária a vida toda. Agora, na viuvez, ela tinha direito à somatória da aposentadoria dos dois. Então podia investir no neto, com todo prazer e zelo. A avó acreditava muito nele. Mas o mais importante era o apoio emocional. Ela sempre fora sua fonte de combustível para a vida, pois seus pais eram muito complicados.

Na volta para casa, Vanessa sentou-se bem distante dele. O motorista do Uber até reparou. Ela era assim, se não conseguisse tudo o que queria, ficava emburrada.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo