Camila Salles
Existem almoços que são encontros sociais, outros que são diplomáticos... e existem os almoços que parecem arenas romanas. Esse último era o caso.
Bruno, com seu sorriso de Advogato sedutor, havia conseguido o feito de colocar os quatro na mesma mesa: ele, eu, Alex e Sean. Eu deveria agradecer pelo convite ou amaldiçoá-lo — ainda não decidi.
O restaurante era um desses lugares que você já entra se sentindo pobre, mesmo sem ter visto a conta. Garçons de luvas brancas, lustres de cristal, cardápios sem preço (sinal de que o cliente não deve ter coragem de perguntar). Eu só pensava: ótimo lugar para ver minha amiga desmontar.
Bruno foi o primeiro a falar, como sempre:
— Hoje vou de peixe. Um salmão ao molho de maracujá! Está perfeito.
Foi nesse momento que percebi: os lábios da ruiva empalideceram. Não foi teatral, não foi exagerado. Foi súbito, rápido, como uma onda gelada atravessando o rosto dela, impossível de disfarçar. Ela respirou fundo, pegou o copo d’água e forçou