A expressão de Ângelo era de certa dor.
Essas coisas, ele já tinha enterrado no passado, não queria mais mencioná-las e tinha dito a si mesmo que, pelo resto da vida, não pensaria mais nisso, apenas cumpriria sua penitência com honestidade.
Mas Íris havia voltado e certas coisas não podiam mais ser ignoradas como se nunca tivessem acontecido.
- Você disse que eu te odeio, e eu admito, houve um tempo em que realmente te odiava, queria te estrangular, mas o que mais odiei foi a mim mesmo. Eu não lidei bem com a relação entre vocês duas, idealizei tudo demais, reagi muito lentamente, não consegui impedir essa tragédia rapidamente...
Ângelo não conseguiu continuar. Seu corpo alto se virou, e suas largas costas tremiam ligeiramente, como se estivesse forçando a si mesmo a engolir aquela tristeza.
Íris raramente via aquele homem frio e arrogante em um estado tão vulnerável e desamparado, como uma criança perdida.
Em sua memória, só o tinha visto assim uma vez, no funeral de seu irmão. Seu