O escritório era grande, escuro, com prateleiras cheias de livros.
Ângelo ligou a luz sem expressão, e de repente viu o Sr. Heitor sentado no sofá, o que o fez recuar de surpresa.
- Vô, tão tarde da noite e você não está dormindo, quer assustar quem?
Sr. Heitor, com o rosto sombrio e apoiado em sua bengala, respondeu irritado:
- Quero assustar a mim mesmo, morrer de susto, tanto faz. Dia após dia, filhos e netos, nenhum deles me dá sossego. Era melhor morrer logo.
- Lá vem você de novo... - Ângelo esfregou a testa, estabilizou suas emoções, e então se aproximou do velho, se agachando pacientemente. - Conte para seu neto, o que aconteceu hoje para deixá-lo tão chateado?
- Não foi nada, só sinto que não sirvo para mais nada, minha visão está fraca, não consigo nem ver direito uma pessoa. - Sr. Heitor, com uma expressão triste, balançou a cabeça e suspirou.
Ele se lembrava de quando seguia o Oficial Monteiro no campo de batalha, lutando com bravura, quão orgulhoso ele era naqueles dias.