Quatro dias depois
O quarto do hospital estava mergulhado em um silêncio quase sagrado, quebrado apenas pelo bip compassado do monitor cardíaco e o som lento e ritmado do soro pingando. A manhã entrava pelas cortinas de tecido branco, trazendo uma luz suave que iluminava o rosto de Evan, espalhando tons dourados pela pele pálida.
Ele estava recostado contra dois travesseiros, o tronco ligeiramente inclinado. O corpo ainda carregava as marcas da cirurgia: bandagens cobriam parte do abdômen, a pele próxima ao curativo ainda levemente avermelhada, e os ombros denunciavam um cansaço profundo. A barba por fazer somava-se ao ar rústico que contrastava com a vulnerabilidade do momento. Mas havia algo vivo nos olhos azuis, que, mesmo cansados, brilhavam com intensidade e esse brilho se acendia toda vez que se fixavam na mulher sentada ao lado da cama.
Irina estava na poltrona próxima, com as pernas cruzadas, os dedos enlaçados ao redor de uma xícara de chá que já esfriava. Vestia um moletom