Reino das bruxas

Moira foi abrindo os olhos lentamente. A luz que entrava pela grande janela a sua frente e o vento trazendo um cheiro de profusões de flores a despertou. Estava deitada em uma grande cama e sentada em uma confortável cadeira estava uma linda moça de cabelos lilás brincando com flores no ar, ela podia notar. Assim que viu Moira desperta sorriu animada e sentou ao seu lado.

- Você acordou. - Disse lançando com um aceno de mãos as flores em um vaso que caíram organizadamente nele. 

- Jasmins. - Comentou Moira. - Elas me lembram...

- A pequenina guerreira que conquistou seu coração. Eu sei. - disse completando o pensamento da princesa.

- Como sabe? 

- Eu sei de tudo princesa Moira. - Falou sorridente.

- Quem é você? - Indagou Moira se erguendo para vê-la melhor.

- Ó! que falta de delicadeza a minha. - Falou a moça ao se levantar e reverenciar Moira. - Sou Picket. - Ergueu sua cabeça e piscou os olhos para a princesa. - Sou Bruxa controladora do tempo. - Falou sentando entusiasmada. - Quer vê um truque legal?

- Você é...

A bruxa nem deixou Moira completar sua frase que já a olhava surpresa, Picket meneou as mãos e fez um lindo arco íris aparecer no quarto deixando a princesa encantada.

- Isso é lindo Picket. - Falou sincera. - Mas, agora você pode me dizer aonde estou?

- Ora! Princesa Moira, estamos em casa. Seu lar. O reino das bruxas. - Falou iluminando o quarto com várias cores.

- Lar... - sussurrou Moira. - Onde estão todos? Há quanto tempo estou dormindo e se estou no reino das bruxas, aonde está meu pai? Eu preciso vê-lo imediatamente e... - Disse tudo de uma vez levantando eufórica.

- Calma princesa.  Estão todos bem, eles estão  nos aposentos leste do palácio. Para onde são enviados os feridos.

- Feridos? - Indagou Moira assustada.

- O guerreiro Yan, precisou de cuidados. A ala leste é destinada para cura não só do corpo como da alma e das emoções. Tenho certeza que as fadas fizeram um excelente trabalho. disse otimista. Os gêmeos e a vidente estão descansando nesse momento e o príncipe Edward foi levado para conhecer Leíty, a bruxa domadora do elemento terra. Tinham algo importante a discutir. - Concluiu rindo por fazer as cores desaparecerem.

- Reunião? - Moira estava ainda mais confusa.

- Acalme-se Alteza. - Falou se aproximando e ao tocar o ombro de Moira fez ela sentir paz. - tudo ao seu tempo.  Agora... - Falou a guiando para uma mesinha. - Que tal desfrutar deste quarto. Ele tem algo de muito especial para você. Tenho certeza. - Disse a fazendo sentar.

- Desculpa Picket. - Falou levantando em direção a porta. - Você é muito gentil, mas preciso encontrar meus amigos, e meu pai.

- Este quarto era da sua mãe princesa. - Falou sorridente vendo a princesa parar e virar com os olhos arregalados.

- O que disse? - Perguntou Moira.

- Este quarto. Era da sua mãe. A Rainha Eve. - Falou com lágrimas nos olhos, porém sempre sorridente. Creio que queira conhecer um pouco do que ela viveu aqui como bruxa e como rainha. - Disse vendo Moira olhar ao redor.

- Este quarto... - Moira encheu os olhos de lágrimas.

- Não haveria lugar melhor para ficar alteza. - Disse a bruxa. - Agora... É hora de conhecer seu lar pelos olhos da sua mãe minha querida. Como eu disse, tudo ao seu tempo. - Logo virão lhe buscar para vê o seu pai. Então aproveite e sinta o calor e o amor da nossa amada Eve. - E ao dizer isso um arco íris a envolveu fazendo-a desaparecer.

Moira caminhou em direção a mesinha e tocou com carinho vários papéis que estavam dispostos sobre ela. Vidrinhos de várias cores estavam enfileirados logo acima numa prateleira cor de marfim. Tocou em cada um deles como se pudesse sentir os dedos de sua mãe. Sentou na cadeira e abriu um livro que tinham anotações com a escrita da sua mãe. Não resistiu e deixou sua lágrimas cair. Quando tocaram nas anotações das páginas abertas as letras saltaram douradas e dançaram no ar. Moira viu tudo encantada e de repente vozes se ouviram. ela levantou e encantada viu sua mãe sentada a cabeceira da cama escrevendo no mesmo livro que acabara de tocar.

- Mãe... - sussurrou Moira chorando.

 Moira ouviu sua mãe falar enquanto escrevia.

- Hoje foi um dia maravilhoso. Pudemos ajudar os seres humanos curando-os dos seus males físicos. As bruxas controlaram seus elementos e o mundo está em perfeita harmonia novamente, me sinto agraciada por ter meus poderes e poder ajudar os mais necessitados.

- Senhora. - Disse Bertz entrando em seus aposentos.

- Bertz, sabe que não precisa me chamar assim. Sou e sempre serei Eve para você. - Disse tirando os olhos do livro e encarando uma Bertz jovem e sorridente.

- Ah! Bertz que saudades de você - Sussurrou Moira para si.

- Então que assim seja Eve. Porém, está na hora de descansar, amanhã irá para o reino dos humanos celebrar a derrota de Nimesys e festejar com todos os reinos. - Falou Bertz sempre eficiente.

- Porém está na hora de descansar, amanhã iremos para o reino dos humanos... - Eve largou seu livro e agora abraçava sua amiga repetindo o que ela dizia palavra por palavra deixando-a aborrecida. - Sempre cuidadosa.  Eu te amo Bertsz.

-  Eve, não me faça lhe dá umas palmadas. Não pense que por ser rainha não posso fazer isso porque faria sim. - Disse Bertz recebendo de bom grado o abraço da sua amiga fingindo aborrecimento. - Eu também te amo  Eve.

Moira ria daquela situação com lágrimas nos olhos. Ela viu sua mãe pegar seu livro e entregar a Bertz que o colocava em cima da mesinha. Viu sua amada mãe deitar na cama que outrora esteve dormindo e sentou na beirada como se pudesse toca-la.

- Mãe... Eu também te amo. - Falou Moira vendo a imagem da mãe e de Bertsz desaparecer.

Moira virou e de repente viu sua mãe entrar no quarto com Bertz logo atrás. Ela estava linda e radiante, sorrindo e feliz.

- Eu nunca senti isso antes Bertz. Ele é o homem mais amável que conheci. - Falou sua mãe girando e se jogando na cama. Será possível tamanha felicidade? Quando a deusa mãe falou que teria um casamento e filhos como benção não imaginei que transbordaria de tanta emoção.

-  Eve, assim é o amor. - Falou Bertz tirando sua capa. - Doce, puro, alegre, porém arrebatador, envolvente e misterioso.

- Isso. Exatamente assim que estou sentindo dentro de mim. - Falou Eve sentando deixando Bertsz desfazer as tranças para suas madeixas vermelhas caírem em cascatas pelas suas costas. - O rei Evans  tem tudo isso nele e transborda dele para mim. Eu me casarei com ele Bertsz e o amarei com toda minha essência. Nossos filhos também serão muito amados. - Falou de repente desfazendo o sorriso.

- O que houve Eve? - Indagou sua amiga sentando para olha-la melhor.

- Meus filhos Bertz. Eu os terei... Quer dizer, Henry ainda terei o prazer de vê-lo por um tempo, mas...

- Eve... - Falou Bertsz encarando sua rainha. - Ela saberá. Seu amor, sua luta, seu sacríficio sempre estarão vivos.

- Isso Bertz. É claro! - Disse levantando e sentando a mesinha. Pegou uma folha e uma pena começando a escrever. - Ela saberá... Não por você ou por qualquer outro, mas por mim, no tempo certo ela saberá o quanto a amei e sempre a amarei. - Falou com lágrimas nos olhos. - Bertsz, se algo pudesse ser feito.

- Eve... - Disse Bertz tocando nos cabelos de sua rainha. - Eu sinto muito. - Falou com lágrimas nos olhos vendo a rainha escrever uma carta.

A imagem se desfez, Moira chorava porque sabia que aquela era a carta que ela lera nos penhascos. Foi maravilhoso para Moira sentir, vê sua mãe, rainha, amiga, mulher, bruxa, toda sua essência misturada em um único transbordar. Agradeceu a Picket mentalmente pelo presente. Apesar de está chorando não estava mais triste, estava feliz, otimista, sorridente. Apesar de seu sacrifício, ela fora forte, amiga de todos, mulher do seu pai, um humano...ela amara um homem, ela cuidara dos necessitados e acima de tudo, sua mãe a amara. Sua mãe a desejara.

Moira olhou pela janela e não pôde acreditar em tamanha beleza diante dos seus olhos. Já tinha se admirado com a floresta dos guerreiros, mas isto... Cachoeiras desciam bem diante dos seus olhos, borboletas, aves dançavam a sua frente. Um grande e extenso gramado e 05 castelos destacados estavam espalhados por cores representando os elementos. Várias árvores e pequenas casas que pareciam ter saído de um livro de conto de fadas perdiam-se de vista. Ela via um grande arco íris descer pelas águas e sabia que aquilo deveria ser obra da Picket. 

Seu sorriso se abriu ainda mais. moira estava na casa da sua mãe, no reino das bruxas, seu lar. E pela primeira vez em muito dias, sorriu e sorriu e sorriu até transbordar.

- Obrigada mãe. - Sussurrou como uma prece.

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