90. Verdades que Ferem
Durval
— Isso é jeito de chegar, Celso? Sabe bater na porta, não, cara? Quase me pega com o pau na mão ou dentro da gruta — digo, segurando o riso, enquanto olho para Maria, que está na mesma situação.
— Cara, você é um pervertido mesmo. Estamos num hospital, e se não percebeu, essa porta nem maçaneta tem. E qualquer pessoa normal imaginaria que um sujeito que quase morreu estaria sem forças pra essas coisas — diz Celso, sério, sentando-se na poltrona, o que só aumenta minha vontade de rir.
— Um homem normal, Celso. Mas esse definitivamente não é o caso do seu irmão — comenta Maria, fingindo timidez, mas rindo por dentro mais do que eu.
— Sem palavras pra isso, viu? Mas deixa pra lá, Maria. E aí, já estão prontos? — pergunta Celso.
— Prontíssimos! A médica até trouxe a papelada da minha alta. E você precisava ver, Celso… uma gata! — digo, e Maria me dá um tapa na cabeça.
— Durval... me respeite, homem! Ou não aceito mais seu pedido de casamento — diz Maria, e Celso arregala os olhos,