127. Nas Entrelinhas da Fuga
Gregório
Ainda no hospital — momentos antes da fuga de Brenda.
Olho para a parede à frente da cama e vejo que os malditos ponteiros do relógio parecem parados, como se tivessem esquecido sua função. É impressionante como o tempo simplesmente congela. Fui forçado a voltar para este quarto e agora espero, em agonia, o momento certo para fugir daqui.
— Maldição... — esbravejo mentalmente.
Sou livre diante da justiça graças ao habeas corpus que Rubens conseguiu com o juiz. Paguei a fiança e conquistei a liberdade, mas neste instante, me sinto mais preso do que nunca. Fico aqui, parado, com o celular nas mãos, revivendo lembranças ao lado da Brenda, memórias que parecem distantes, dolorosas, e que me dilaceram por dentro.
Lágrimas insistem em surgir nos meus olhos, e a angústia tenta, a todo custo, tomar conta de mim. Mas não posso fraquejar... Não posso! Minha Brenda precisa de mim. E eu preciso dela. Mais do que nunca, preciso sair deste lugar.
Fecho a tela do celular e o guardo no bolso