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Boa noite, meu anjo!
Boa noite, meu anjo!
Por: Laura Martins Miranda Badaró
A menina dos olhos esmeralda brilhantes

O relógio da pequena cidade de Windale marcava onze e quarenta e cinco quando um vento estranho soprou pelas ruas vazias. As janelas tilintaram, e as árvores pareciam se curvar como se cumprimentassem alguém invisível.

Na casa de número 17 da Rua Elmswood, uma menina dormia profundamente. Seu nome era Lyanna. Ela tinha cabelos negros como a noite sem lua e olhos verdes esmeralda que, vez ou outra, brilhavam como se capturassem pedaços de estrelas.

Lyanna fora encontrada ainda bebê, há dezesseis anos, na soleira daquela mesma casa.

O casal de humanos que a encontrou nunca entendeu quem a deixara ali. Mas criaram a menina como se fosse sua, embora soubessem, no fundo, que ela era diferente.

Lyanna tinha sonhos que não sabia explicar. Sonhos de batalhas, de um castelo envolto em chamas, e de uma mulher de cabelos dourados que sussurrava:

"Seja forte, minha pequena."

E sempre, antes de adormecer, uma voz grave e reconfortante dizia:

"Boa noite, meu anjo."

Ela nunca contou isso a ninguém. Como poderia? Quem acreditaria que uma sombra a vigiava e que uma voz desconhecida embalava seu sono todas as noites?

Mas naquela noite, algo mudaria.

No instante em que o relógio marcasse meia-noite, o selo que a protegia começaria a enfraquecer. E do outro lado do véu entre os mundos, olhos famintos a procuravam.

O relógio marcou meia-noite.

Lyanna começou a se remexer na cama. As mãos apertaram o lençol enquanto seus olhos se moviam rápido sob as pálpebras. No sonho, ela corria por corredores de pedra, iluminados pelo fogo. O ar era denso, cheiro de fumaça, e ao fundo, uma voz feminina gritava seu nome.

— Lyanna… não…!

Uma figura de cabelos dourados estendia as mãos para ela, mas antes que pudesse alcançá-la, uma sombra colossal caiu sobre ambas. Lyanna gritou.

— Mãe?!

Acordou ofegante, sentindo o quarto mais frio do que o normal. O relógio no criado-mudo marcava exatamente 00:01.

Ela se sentou na cama, passando a mão pelo rosto suado. O coração disparado batia tão forte que ela conseguia ouvir. Um calafrio percorreu sua espinha.

Foi então que sentiu.

Algo… alguém… a observava.

Virou lentamente o rosto para a janela, onde a cortina dançava suavemente com um vento que ela não lembrava de ter ouvido antes. E ali, do lado de fora, na escuridão do jardim, dois olhos dourados a fitavam, imóveis, como se fizessem parte da própria noite.

Os olhos não eram humanos. Eram profundos, antigos, e em vez de medo, Lyanna sentiu uma estranha segurança.

Ela se aproximou devagar da janela, o coração ainda acelerado, mas os olhos misteriosos se afastaram como uma sombra que se dissolve no escuro. E junto com eles, o vento cessou.

Por um instante, ela achou ter ouvido, no mais profundo silêncio da noite:

— Boa noite, meu anjo.

Mas não havia ninguém ali.

A manhã chegou radiante em Windale. O sol iluminava as ruas e lançava reflexos dourados pela janela do quarto de Lyanna, agora cuidadosamente arrumado com pôsteres de bandas, prateleiras cheias de livros de poesia e medalhas escolares.

No espelho do banheiro, ela ajeitou a fita vermelha no cabelo, parte do uniforme da equipe de líderes de torcida da escola. Com um sorriso largo e brilho no olhar, desceu as escadas para o café da manhã, onde seus pais adotivos já a esperavam.

Na escola, Lyanna era conhecida por sua alegria contagiante. Sempre pronta para animar a torcida, sua voz era forte e cheia de energia, e suas notas — impecáveis. Ela adorava poemas, especialmente aqueles que falavam sobre coragem e esperança, e às vezes escrevia seus próprios versos escondida no caderno de anotações.

Apesar da popularidade, era uma garota doce e amiga de todos, que sabia ouvir e espalhar sorrisos. Mas, naquele dia, enquanto caminhava pelo corredor lotado, uma sensação estranha lhe percorreu a espinha — como se tudo estivesse prestes a mudar em um piscar de olhos.

Lyanna sorriu para as amigas, sentindo que algo maior estava começando, mesmo que ela ainda não soubesse exatamente o quê.

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