-POV: Artemísia-
Hel suspira. Um som seco, como vento atravessando ruínas.
— O que vocês estão esperando? Já possuem a maioria dos votos.
A Deusa da Lua, ainda sentada com a postura de quem observa tudo de cima, responde com serenidade:
— Mesmo que seu voto não altere o resultado, acho importante saber sua opinião. Ela tem peso.
Hel se endireita no trono. Cruza as pernas. Olha para mim com olhos que não piscam.
— Pois bem… Meu voto seria não.
Franzo a testa.
Não entendo.
Não fiz nada contra ela.
Nada que justificasse essa oposição.
Mas ela continua:
— Não me entenda mal, mocinha. Não tenho absolutamente nada contra você. Mas meu julgamento se pauta em justiça. Não julgo os vivos. Julgo os mortos.
— O que isso quer dizer? — pergunto, a voz saindo mais aguda do que eu esperava.
Hel permanece impassível.
— Você morreu naturalmente. Não deveríamos interferir no percurso das coisas. Reviver o que já está morto.
Sinto minha voz se alterar. A indignação crescendo.
— Não morri naturalmente.