Capítulo 40
Nicolai Petrov
O telefone vibrou sobre a mesa do quarto onde eu estava hospedado, um dos cômodos da ala de hóspedes da mansão dos Lucchese. Atendi sem pensar. Já esperava a ligação, e claramente temia o que viria.
— Senhor, ela acaba de sair do restaurante.
— E o Masato?
— A acompanhou até o carro. Abriu a porta... ela agradeceu e... o beijou. No rosto.
Silêncio.
Fechei os olhos com força, sentindo o sangue ferver nas veias. Um beijo no rosto. Simples. Educado. Inofensivo, diriam. Mas não para mim. Não quando vinha de Ruby. Tudo nela carregava intenção, até o silêncio. E eu sabia que aquele beijo não era paixão — mas era proximidade. Era abertura. Era algo que não me incluía.
— Continuem atentos — resmunguei e desliguei com ódio.
A raiva veio como um soco. Forte, inesperada, pulsando. A garrafa de uísque sobre a mesinha me chamou. Enchi o copo e virei de uma vez. Mas o gosto não desceu fácil. Tinha o gosto da amargura que Ruby sempre deixava quando se afastava de mim. E ag