Quando Dominic entrou no apartamento, o céu lá fora já estava pintado em tons de laranja e violeta. Ele parou na entrada da sala, em silêncio. Observou a cena diante dele: luzes baixas, música suave tocando ao fundo, e Leslie no sofá com Noah adormecido no peito. Uma cena que, por algum motivo, parecia íntima demais. E certa demais.

Ela o notou se aproximar, mas não se moveu.

— Dei banho, troquei, ele tomou a mamadeira e apagou — disse em voz baixa, sem tirar os olhos do bebê.

Dominic assentiu lentamente.

— Obrigado... por hoje.

Leslie arqueou uma sobrancelha, surpresa.

— Uau. Isso foi um agradecimento?

— Não se acostume.

Ela sorriu.

— Eu nem ia dizer “de nada”, mas agora acho que mereço uma taça de vinho, pelo menos.

Ele caminhou até o bar e serviu duas taças.

— Tinto seco, certo?

— Está aprendendo — respondeu ela, aceitando a taça.

Sentaram-se lado a lado no sofá, em silêncio, observando o bebê dormir. O silêncio entre eles não era desconfortável. Era carregado de coisas não ditas,