BÔNUS - VALENTINA CASTELLANI
As pessoas costumam subestimar o silêncio. Acham que quando uma mulher se cala, é porque está derrotada. Tolice. O silêncio é onde eu crio. Onde elaboro meus próximos passos. Foi no silêncio que assisti Maitê deixar meu escritório cuspindo veneno como se fosse dona da verdade, como se estivesse vencendo. Mas a vida tem ironias deliciosas — e ela ainda vai provar do gosto de engolir as próprias palavras.
Arthur, claro, está cego. Estar ao lado de Maitê é a forma que encontrou de me punir por tudo o que não teve coragem de me dizer durante anos. Mas ele esquece que eu sou Castellani. E que tudo ao redor dele ainda é sustentado pela minha estrutura. Por mais que esteja encantado com a ex-garota de programa de olhos espertos, ele vai sentir o chão ceder sob os pés.
Não posso entrar na casa deles. Ainda. Mas posso fazer o que sempre fiz melhor: infiltrar. Persuadir. Corroer por dentro.
O nome surgiu como um sussurro em minha mente: Graciela.
Funcionária de conf