O quarto estava trancado, mas as vozes atravessavam a madeira e perambulavam pelo cômodo, como fantasmas enjaulados, me cercando, amedrontando. Sentei-me no canto da cama e abracei o joelho na tentativa de me proteger das palavras gritadas, batidas. Minha mamãe chorava, minha vovó também e passei a compartilhar de tudo aquilo mesmo estando longe.
— A Aurora não vai a lugar algum com você.
— Quero a minha filha, Ana.
— Nuncaaaaa! Deixe minha filha em paz — mamãe gritou e algo caiu com força no chão, ao mesmo tempo a voz doida do homem mau explodiu tão forte que senti a casa estremecer.
— Eu vou acabar com você, sua vagabunda…
— Vai para o inferno, Hélio.
— Eu vou te matar, sua vaca. Nãoooooooo…
Corri até a porta e mesmo s