Início / Lobisomem / Através da Lua / 9 - Memórias de Luan (parte 4)
9 - Memórias de Luan (parte 4)

Depois de algumas semanas a tia Selene faleceu, minha família toda foi ao funeral, quando vi o estado da Kathryn não consegui conter as lagrimas, ela estava pálida, com o rosto encharcado de lagrimas olhando para o caixão de sua mãe sem emitir nenhum som, seu olhar estava tão perdido como se tivessem roubado sua alma, não consegui suportar ver o sofrimento dela, a abracei tão profundamente, afundando a cabeça dela no meu peito, passei o outro braço segurando toda a extensão de suas costas com força e disse: “Kathryn, eu sinto muito, eu sinto muito mesmo”.

Ela levantou a cabeça do meu peito, me olhou com tanta dor em meio a lágrimas e me disse: “Tudo que me restou da minha mãe agora são nossas lembranças, nós tínhamos tantos planos e muitas coisas que combinamos de fazer e agora acabou, eu nunca mais vou ouvir a voz dela, nunca mais vou ouvir sua risada, nunca mais vou compartilhar meus dias com ela, nós nunca mais vamos cantar juntas e conversar sobre nossas músicas favoritas, acabou, tudo acabou, eu não consigo suportar”.

Após me dizer essas palavras, ela caiu nos meus braços e chorou em soluços com profunda agonia por mais de uma hora, não conseguia assistir à angústia dela e chorei junto, nunca pensei que amar alguém pudesse me fazer sentir tanta dor por presenciar o sofrimento que ela estava sentindo, aquilo era dilacerante para mim, imagino como foi para ela e mesmo que se passem anos desse dia, nunca conseguirei esquecer cada palavra que ela disse, o choro e o sofrimento dela ficaram gravados em mim.

Alguns dias após o funeral, entramos em férias de verão, fiquei dois meses sem ver a Kathryn, mandei inúmeras mensagens, mas ela nunca respondeu, consegui o contato do Chand, perguntei sobre ela, mas nem ele tinha conseguido ver ou falar com ela, ninguém tinha notícias dela.

O quintal da casa da Kathryn fazia fundos com a floresta, me transformava em meu lobo e ficava na floresta próximo ao seu quintal, olhando para as portas francesas da sacada do quarto da Kathryn, mas as luzes sempre estavam apagadas, fiz isso tantas vezes naqueles dois meses, mas ainda as luzes do quarto dela nunca se acenderam não importava a hora que eu estivesse lá olhando, meu desespero foi tão grande que uma noite invadi o quintal, escalei até a sacada e olhei para dentro do quarto dela, mas ela não estava lá.

Fui tomado por um pânico, comecei a pensar que ela havia se mudado para a casa de algum parente fora da matilha e que não a veria mais. No ápice do meu desespero pedi para minha mãe ligar para o tio Badar, pai dela, para saber como ela estava, Badar disse que ela estava dormindo no quarto dele e que não saiu de casa durante as férias toda, o alívio que senti foi momentâneo, depois fui tomado pela angústia de saber que ela estava passando por tudo sozinha e se isolando.

As aulas retornaram e esse era nosso último ano, estava ansioso para reencontrar a Kathryn e saber como ela estava, fiquei parado no portão de entrada da escola, quando vi ela chegando na caminhonete do seu pai, senti alivio, ela estava linda como sempre, observei seu sorriso ao agradecer e se despedir do seu pai.

Por um momento achei que conseguiria caminhar com ela até sua sala, mas quando menos esperava vejo o Chand correndo e abraçando ela pelos ombros, puxando ela para dentro da escola, pronto tinha perdido a minha oportunidade, ainda sim, fiquei parado esperando ela passar por mim, ela me olhou e deu um aceno com a cabeça, era isso, era só isso, não tinha nenhuma desculpa para abraçá-la e não sabia o que dizer, então apenas retribui acenando com a cabeça para ela, vi ela passando por mim abraçada por um Chand muito animado e feliz, pelo menos ele podia fazer ela sentir-se melhor, abaixei a cabeça e segui para minha sala, num misto de alívio por ver que ela estava bem e tristeza por mim, por não ser eu abraçá-la.

Continuava observando a Kathryn à distância e com o passar dos dias, vi ela com um semblante mais sereno, conforme os dias passavam, a risada dela voltava a ecoar do canto superior da arquibancada. Tenho que admitir que o Chand tem algum talento para comédia, porque as risadas dela sempre vinham dele.

Após um de nossos jogos de basquete durante o intervalo, olhando os dois no mesmo canto, decidi que era o dia de finalmente ter minha foto com a Kathryn, sentei no banco depois do jogo para beber água, fiquei conversando com o Natsuki, esperando porque ela teria que passar por mim para voltar para a sala de aula, tirei o celular da mochila e quando vi ela se levantar, usei o Natsuki para fazer umas selfies, aguardei o momento exato que ela estava passando pelo meu banco e chamei sem hesitar:

“Kathryn, Chand, venham aqui tirar fotos com a gente”. Eles se aproximaram, eu tive que reunir toda a minha coragem, mas dessa vez não ia desperdiçar essa chance, assim que ela chegou mais perto, virei ela de costas para mim, passei meu braço esquerdo por sua barriga e segurei sua cintura, puxei ela até a encostar em meu corpo, segurei-a com força deixando seu corpo completamente colado ao meu, tirei selfies de nós quatro juntos, depois falei sussurrando no ouvido dela:

“Agora vamos tirar algumas só nós dois”, pedi para os dois saírem de perto, aproveitei a minha chance e tirei mais cinco selfies, só eu e ela. Infelizmente, tive que soltá-la porque o monitor invadiu o ginásio e mandou voltarmos imediatamente para nossas salas.

No caminho, Chand me pediu para enviar as fotos para ele por mensagem, assim que cheguei na sala, enviei as fotos de nós quatro para o Chand e todas as fotos para a Kathryn, que me respondeu com um emoji de coração.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App

Capítulos relacionados

Último capítulo

Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App