Capítulo Quatro
O treinamento começou logo após a decisão de Atlas. Nani, com sua experiência em combate, era a pessoa ideal para lhe ensinar a luta corporal. Ela o guiou em cada movimento, cada passo, cada golpe. Atlas se mostrou resistente, apesar de sua raiva, e, com o tempo, suas habilidades começaram a se aprimorar.
Nani falava pouco, mas cada palavra era carregada de sabedoria.
- Não se concentre apenas no golpe, Atlas. O corpo é um reflexo da mente. Se você não estiver totalmente presente, não conseguirá vencer.
Atlas seguia suas instruções com intensidade, mas seu olhar ainda estava distante, perdido nas lembranças do passado. Mesmo assim, algo dentro dele começava a despertar. Cada golpe, cada movimento, parecia trazer uma conexão mais profunda com a sua verdadeira natureza.
Eu, por outro lado, estava responsável por algo muito mais delicado: o despertar dos seus poderes. Ele ainda não entendia a magnitude de sua origem, mas sabia que algo mudara quando cruzou o limiar da Ilha Encantada. Agora, ele começaria a entender o porquê.
Fui até Atlas, que descansava após uma longa série de exercícios com Nani.
- Você está pronto? - Perguntei com um sorriso discreto.
Ele olhou para mim, ainda com uma expressão desafiadora, mas havia algo em seu olhar que indicava que estava pronto para dar o próximo passo.
- Vamos.
Concentrei minha energia e estendi a mão para ele.
- Feche os olhos e se concentre. Sinta a terra sob seus pés, o vento tocando sua pele. Agora, imagine uma espada.
Atlas seguiu minha orientação, respirando fundo. Fechou os olhos e visualizou a katana, como se já tivesse em mãos. A magia começou a vibrar ao redor dele, quase como uma onda invisível. Eu podia sentir a energia crescendo ao seu redor.
- Agora, abra os olhos, Atlas.
Ele fez isso lentamente, e no momento em que seus olhos se abriram, uma katana brilhante materializou-se em suas mãos, como se fosse parte dele. Atlas olhou para a espada, surpreso.
- Você... você consegue? - Ele perguntou, sua voz agora cheia de admiração e espanto.
Eu assenti, sorrindo.
- Você é o mestre das katanas, Atlas. Sua conexão com o ferro e a lâmina é natural. O que você sente agora é a prova de que está pronto para usar sua verdadeira força.
Ele experimentou a espada por um momento, movendo-a com fluidez, como se já soubesse cada movimento de cor.
- Isso é... incrível. - Ele sussurrou.
Mas o treinamento não se limitava à espada. Eu sabia que a verdadeira essência de Atlas estava além da lâmina.
- Agora, concentre-se, Atlas. Seus poderes são mais do que apenas um domínio de armas. Você é um mago. Sinta a energia ao seu redor. Aprenda a controlar os elementos.
Ele franziu a testa, tentando compreender minhas palavras.
- Como faço isso?
- Sinta a magia, Atlas. O ar, a terra, o fogo, a água... Eles estão em você, ao seu redor. Use sua mente, sua força interior, e visualize.
Atlas fechou os olhos novamente, seu corpo rígido, como se tentasse forçar algo que ainda não entendia. Então, lentamente, o ar ao seu redor começou a ondular.
- Isso... - Ele sussurrou, uma expressão de concentração no rosto.
De repente, uma chama pequena apareceu na ponta de seus dedos, se espalhando suavemente até formar uma bola de fogo. Atlas recuou, surpreso, mas a chama se manteve firme.
- Eu consigo! - Ele exclamou, a emoção transbordando em sua voz.
- Agora, você está começando a entender, Atlas. - Respondi. - Você pode aprender feitiços, controlar os elementos, e mais importante, prever os movimentos de seus oponentes.
Ele olhou para mim, perplexo.
- Prever? Como?
Eu sorri, sabendo que esse seria o próximo passo.
- O poder da previsão vem com a experiência. Você já tem a capacidade de sentir os movimentos antes mesmo que aconteçam. Isso é algo que você vai desenvolver ao longo do tempo, com a prática. Vamos começar com algo simples.
A cada lição, Atlas se tornava mais forte, mais confiante. Nani, observando de longe, aprovava o progresso dele, mas ela sabia que o verdadeiro desafio estava apenas começando.
- Você está se saindo bem, Atlas. - Ela comentou depois de uma tarde de treino. - Mas lembre-se, os desafios que você enfrentará vão além do combate físico. É a mente que precisa ser treinada tanto quanto o corpo.
Atlas assentiu, sabendo que, embora tivesse conquistado muitas habilidades, sua jornada estava longe de terminar. Cada nova descoberta sobre si mesmo era uma chave para a próxima etapa de seu destino.
- Eu vou conseguir, Nani. Eu vou proteger a todos. - Ele disse, a determinação clara em sua voz.
Eu sabia que, com o tempo, ele se tornaria mais do que apenas um mestre da espada e da magia. Atlas estava prestes a se tornar o herói de Eutanásia, mesmo que ainda não soubesse o peso de sua própria linhagem.
{...}
Capítulo CincoA manhã estava calma, e uma brisa suave soprava pelas árvores ao redor da nossa casa na Ilha Encantada. Era o tipo de dia que parecia pedir por um descanso, mas o peso de tudo o que estava acontecendo em Eutanásia não me permitia relaxar. Eu sabia que era hora de liberar Atlas para o que ele mais temia: a verdade. Ele tinha o direito de conhecer o que havia acontecido, e eu, como sua guardiã, não poderia mais ocultar debaixo das sombras.Atlas estava sentado à beira do lago, os olhos fixos no horizonte, perdido em pensamentos. Ele ainda não sabia tudo, mas já sentia que algo estava faltando. Cada novo poder que ele desbloqueava parecia trazer mais dúvidas do que respostas, e a angústia em seu coração era palpável. Eu podia ver, com a clareza de quem conhece o próprio reflexo, que ele precisava entender. Precisava saber a verdade.Me aproximei lentamente, meu passo suave, quase inaudível, como se o destino pedisse para ser revelado com cautela.— Atlas... — Falei, interr
Capítulo SeisUm ano havia se passado desde que Atlas descobriu sua verdadeira identidade, e, desde então, nossa rotina era centrada em prepará-lo para o que estava por vir. O tempo na Ilha Encantada foi dedicado a treinamentos intensos, à construção de sua força, habilidades e, acima de tudo, sua compreensão sobre o poder que carregava. Cada dia, ele ficava mais forte, mais hábil, mas ainda faltava algo. Algo que eu sabia que só ele poderia encontrar em seu próprio coração.Nós estávamos em outra ilha distante, fora dos limites do reino, onde o feitiço de invisibilidade estava em pleno efeito, mantendo nossa presença oculta de todos os olhares externos. Ali, Atlas praticava incansavelmente, enfrentando os robôs que eu criava com a ajuda de minha tecnologia, máquinas com uma inteligência quase humana, projetadas para desafiá-lo. Cada robô era mais forte que o anterior, testando seus limites.Eu observava de longe enquanto ele lutava. Cada golpe de sua katana, cada movimento de seu cor
Capítulo SeteQuando chegamos à Ilha Encantada, o céu estava tingido de laranja pelo último suspiro do sol, como se fosse uma tela em que o universo pintava o fim de um dia comum. A ilha sempre me parecia tranquila, com seu feitiço invisível envolvendo a todos ali, longe de qualquer perigo externo. Mas, naquele momento, algo estava diferente. A tensão pairava no ar, como se a calma fosse só uma fachada. Atlas estava mudando, e eu sabia que o mundo ao nosso redor também estava prestes a fazer o mesmo.Assim que aterrissamos, Nani já nos esperava, como sempre. Sua expressão séria se suavizou ao nos ver, mas havia algo em seu olhar que demonstrava preocupação. Atlas voou até ela, os pés ainda tocando o chão, como sempre, com um sorriso brincalhão no rosto.— Atlas, você está irreconhecível! — Nani disse, rindo enquanto observava seus cabelos, que estavam mais longos e bagunçados. Ela parecia a própria imagem da irmã que não via há anos.Atlas, como de costume, passou a mão pelos cabelos,
Capítulo OitoOs dias passaram rapidamente, e a rotina na Ilha Encantada continuava intensa. Atlas, cada vez mais imerso no treinamento, se mostrava uma versão nova de si mesmo a cada dia que passava. Embora seu humor irreverente e sua maneira de provocar não tivessem diminuído, algo em seu olhar havia mudado. Havia uma seriedade mais profunda nele, algo que não estava presente no início de nossa jornada juntos.E, embora eu tentasse manter a distância, ele não demorava a me surpreender com suas atitudes. Quando começou a me chamar de "mestra", eu sabia que era uma tentativa de reafirmar seu respeito, mas também percebi que, por trás disso, havia algo mais. Algo que ele não conseguia esconder, mesmo com seus sorrisos galanteadores e palavras provocativas.— Mestra, posso pedir um favor? — Ele se aproximou de mim em um dia particularmente quente de treino, quando os ventos da ilha pareciam dançar ao nosso redor. Sua expressão era séria, mas havia uma pitada de humor, como se ele estive
Capítulo NoveO tempo passou depressa, como areia escorrendo por entre os dedos. Mais um ano se foi, e Atlas agora tinha 17 anos. Ele não era mais um menino-era um homem. Seu corpo, antes mais franzino, agora estava definido pelo treinamento intenso. Seus olhos carregavam uma maturidade que não possuíam antes. Ainda brincalhão, ainda provocador, mas agora com um olhar mais sério, ciente da responsabilidade que carregava sobre os ombros.Amanhã partiríamos. Nossa jornada estava apenas começando, e nosso objetivo era claro: encontrar aliados para a guerra que estava longe de terminar. Oregon continuava em busca de Atlas, e, cedo ou tarde, precisaríamos enfrentá-lo. Mas, para isso, precisávamos de forças além das nossas.- Fique parado, seu pentelho. - resmungou Nani, cortando os longos cabelos de Atlas que insistiam em crescer de forma absurda.Ele riu, inclinando a cabeça para trás de propósito.- Ai, Nani... Você tem mãos de ferro! Cuidado para não cortar minha cabeça junto.- Seria m
Capítulo DezO céu estava limpo e a brisa leve balançava as folhas das árvores ao redor da Ilha Encantada. O dia da partida havia chegado.Atlas ajustava as alças da mochila enquanto Nani terminava de organizar os últimos suprimentos. Havia um ar de expectativa misturado à melancolia da despedida.— Tem certeza de que não quer vir, Nani? — perguntei, dobrando o mapa e guardando-o no bolso.Ela sorriu, mas seus olhos carregavam um peso que eu conhecia bem.— Alguém precisa proteger a Ilha Encantada enquanto vocês estiverem fora. Além disso, esse é o destino de vocês dois, não o meu.Atlas bufou, cruzando os braços.— Isso é um absurdo! Você luta tão bem quanto a Kate. Se viesse, nossa missão seria mais fácil.— Ou talvez vocês se tornassem dependentes demais da minha ajuda. — Nani sorriu de lado e bagunçou o cabelo dele. — Agora vá, antes que eu mude de ideia e te prenda aqui para sempre.Atlas revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o brilho emocionado ao encarar a mulher que o c
PARTE.02: Jornada ao Reino ÉlficoCapítulo UmO céu escuro se estendia acima de nós, salpicado por incontáveis estrelas. Estávamos há mais de um dia voando sem descanso, e o peso do cansaço começava a se acumular em nossos corpos. Atlas, como sempre, fazia piadas para tentar quebrar a monotonia, mas nem mesmo ele conseguia ignorar o fato de que precisávamos de um descanso.Foi então que avistei uma pequena ilha abaixo de nós, cercada por um mar calmo e iluminada apenas pelo brilho prateado da lua.— Vamos parar ali. — Falei, apontando.Atlas suspirou em alívio.— Finalmente! Achei que minha mestra fosse me obrigar a voar até meus músculos se desfazerem.Revirei os olhos e comecei a descer.Mas assim que nos aproximamos da ilha, percebi algo estranho. O lugar estava silencioso demais. Nenhum som de criaturas noturnas, nem mesmo o barulho das ondas quebrando contra as rochas.Foi então que vimos.No centro da ilha, um grupo de criaturas sombrias se movia em círculos ao redor de algo—ou
Capítulo DoisA noite caiu sobre a pequena ilha, e uma leve brisa soprou enquanto nos sentamos ao redor de uma fogueira improvisada.Atlas suspirou dramaticamente, segurando o estômago.— Kate, se não comermos logo, vou virar pó!Revirei os olhos e murmurei um feitiço. Folhas próximas começaram a brilhar suavemente e, em poucos segundos, se transformaram em pão, frutas e pedaços de carne seca.— Aqui está sua comida, drama ambulante. — Empurrei um pedaço de pão para ele.Atlas pegou a comida e deu um sorriso satisfeito.— Você é a melhor, xuxuzinho!Filomena observava tudo com curiosidade, segurando um pedaço de fruta.— Vocês sempre brigam assim?Atlas riu.— Brigar? Eu chamo de amor fraternal... apesar de Kate ser péssima em demonstrar afeto.Eu o encarei.— E eu chamo de paciência, porque conviver com você é um verdadeiro teste.Filomena riu baixinho, parecendo mais relaxada.— Vocês são engraçados.Atlas se virou para ela com um olhar curioso.— E você, Filó? Posso te chamar de Fi