Por alguns minutos, comeram em silêncio, quebrado apenas por observações triviais sobre o prato. Mesmo assim, Natália sentia a cada instante o olhar dele pousado sobre si, fixo, avaliador, e perigosamente sedutor.
.— Então… — ele disse, pousando os talheres com elegância. — O que está achando da viagem até agora? Confortável?
Ela respirou fundo, apoiando o guardanapo no colo.
— Não posso me queixar. Apesar de alguns imprevistos… o senhor tem se mostrado atencioso.
Ele arqueou uma sobrancelha, divertido.
— "Atencioso"? É essa a impressão que lhe passo? Pensei que me achasse… perturbador.
Natália quase deixou escapar um sorriso, mas conteve-se.
— Talvez as duas coisas não sejam tão diferentes.
Carlos riu baixo, aquele som grave que parecia vibrar no ar.
— Admito que nunca me importei em causar certo desconforto. Às vezes, é a única forma de descobrir a verdade sobre as pessoas.
Ela desviou o olhar para o piano ao fundo, que agora executava uma música lenta, quase melancólica. Sentiu