Capítulo 116
Ezequiel Costa Júnior
Dirigi em silêncio por uns minutos. Mariana olhava pela janela, o reflexo das luzes da rua iluminando de leve seu rosto. Ela parecia tranquila, mas eu conhecia cada detalhe daquele olhar. Quando Mari ficava quieta demais, era porque algo estava gritando por dentro.
— Está tudo bem? — perguntei baixo.
Ela demorou um segundo, mas respondeu, ainda sem me encarar:
— Tá sim. Pelo menos agora a Soraya não vai mais incomodar a gente, nem a Iris.
Assenti, embora eu soubesse que não era só isso. Mantive os olhos na estrada por um tempo, antes de arriscar de novo:
— E por que o seu olhar ficou triste, então?
Dessa vez, ela virou o rosto devagar. Os olhos dela estavam limpos, sinceros, mas carregavam uma sombra no fundo. Algo entre decepção e saudade do que nunca teve.
— Porque ela é interesseira demais… — murmurou. — Se fosse comigo, se eu tivesse encontrado meu pai depois de tudo, eu queria saber tudo sobre ele. Ia encher ele de pergunt