Eu vejo

Capítulo 76

Ezequiel Costa Júnior

(Contém gatilhos)

A raiva queimava em mim como uma chama viva, e cada palavra que saía da boca de Mariana era mais lenha nesse fogo. Meu maxilar travado doía, os punhos cerrados no lençol da cama enquanto ela se encolhia entre os travesseiros, a voz fraca, destruída.

Ela me olhava como quem busca ar no meio de um naufrágio, e era meu dever ser essa tábua de salvação.

— Eu não consegui me defender dele. No início não entendi tudo o que aconteceu, só senti dores, repulsa, desespero.

— Me conta tudo, Mariana. Desde o começo... o que aconteceu lá no cemitério? — perguntei, baixo, mas firme.

Ela respirou fundo, os olhos avermelhados da dor que não era só física, mas uma ferida aberta na alma. Foi me contando sua infância, e a raiva foi subindo cada vez mais.

— Eu fui até o túmulo da minha mãe. Queria ver, só isso. As meninas viram alguém mexendo na lápide. Eu fiquei um pouco afastada quando vi quem era. — A voz dela falhava. — Ele
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