Agulhas

Capítulo 177

Ezequiel Costa Júnior

Minha cabeça latejava como se tivesse levado um soco com chumbo derretido. As luzes me incomodavam. Tudo incomodava. A lembrança do que aconteceu... me corroía por dentro.

Samira e Mauro me levaram para o quarto. Ela me deu um medicamento logo depois de fazer uma lavagem leve, mas minha consciência ainda parecia embaralhada. A boca seca, o peito pesado. Eu me sentia horrível.

Não conseguia esquecer a expressão da Mariana.

Deitei. Não tinha forças pra levantar. O silêncio da casa era estranho. Quente demais, denso.

Até que a porta abriu e Mariana entrou.

Estava de cara fechada, passos firmes, ombros duros. O olhar dela era como faca.

Parou diante da cama. Me encarou por longos segundos com seus olhos lindos. Eu já esperava a tempestade.

— Mariana... — murmurei, com a garganta seca. — Eu sinto muito. Eu não fazia ideia que isso podia acontecer. Eu confiei nela, juro por Deus. Não consigo entender como pôde me trair assim. Eu a tire
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