POV Killian
O relógio do carro marcava 20h47 quando o motorista parou diante da mansão dos Argento.
A chuva fina deixava as luzes da fachada cintilando como ouro molhado. Tudo naquela casa exalava poder e controle, dois elementos que, ironicamente, me sufocavam.
Desci do carro, ajeitei o paletó e respirei fundo.
O vento úmido trouxe o perfume familiar das magnólias, e, por um instante, senti o gosto amargo da obrigação.
Eu sabia o que me esperava lá dentro. E não queria estar ali.
Beatriz me esperava na porta. Um vestido longo, vinho profundo, o cabelo preso num coque perfeito. Parecia saída de uma revista. E, ainda assim, tudo nela me soava ensaiado demais.
Como se cada movimento tivesse sido pensado para me lembrar de algo que eu não sentia mais.
— Finalmente — ela disse, num tom leve demais para ser casual. — Papai já está na sala de jantar.
Assenti, sem muita emoção, e entrei.
O interior da mansão era um museu. Quadros italianos, mármore, castiçais, e o som distante de u