Lá embaixo? Que lá embaixo? Quando finalmente entendeu, Karina levou um susto e, ao mesmo tempo, se levantou apressada. — Ele disse que está lá embaixo? Ele veio mesmo? Ademir, sem receber resposta por um longo tempo, se sentiu um pouco decepcionado: — Posso subir sozinho. Em qual mesa vocês estão? — Não! — Karina finalmente reagiu e o interrompeu, alarmada. — Espera aí, eu já estou descendo! — Certo, eu te espero. Sem avisar ninguém, Karina saiu apressada e desceu as escadas. No saguão, avistou aquela silhueta tão familiar alta, elegante e imponente. — Karina. — O homem curvou os lábios em um sorriso satisfeito. — O que você está fazendo aqui? — Karina caminhou rapidamente até ele, mas, em vez de alegria, só havia espanto em sua expressão. Ademir se sentiu um tanto constrangido: — Não foi você que me convidou? O que foi? Não está feliz em me ver? — Eu não disse isso. — Embora, no fundo, fosse exatamente o que estava pensando. — Foi você mesmo que falou que não
Ademir ficou sem palavras mais uma vez. A ira era tão grande assim? Ela realmente não queria que ele viesse? Embora já estivesse preparado para isso antes de vir, naquele momento, não pôde evitar a sensação de desapontamento. Mas o que adiantava se sentir assim? De repente, Ademir se lembrou de algo. Se aproximando do ouvido de Karina, perguntou em um tom audível apenas para ela: — Aquele filé de antes não foi o suficiente? Karina não entendeu de imediato por que o assunto mudou tão de repente. Mas a expressão que surgiu em seu rosto por um instante, somada ao reflexo inconsciente de engolir em seco, provou que ele estava certo. — Entendi. — Ademir não conteve um sorriso. — Vou pedir mais um para você. Ao se levantar, ele riu baixinho e comentou: — Parece uma criança. Só porque comeu um pedaço a menos já ficou emburrada comigo. Karina ficou sem reação e quase o chamou de volta. Desde quando perder um pedaço de carne fazia alguém parecer uma criança? Além disso
— Quero saber... Você veio aqui esta noite como investidor do projeto, para impressionar o Dr. Marco e o Dr. Felipe com sua gentileza e elegância, ou por minha causa? Karina foi tão direta que Ademir ficou momentaneamente desconcertado, seu sorriso foi enrijecendo. Em vez de responder diretamente, ele retrucou: — O que você acha? — Eu não sei. — Karina balançou a cabeça, dizendo a verdade. — Mas espero que seja a primeira opção... — Claro que é a primeira. — Ademir riu friamente, seguindo a deixa dela. — Ou será que você achou que fosse por você? Karina ficou em silêncio. Mesmo se sentindo um pouco envergonhada, não podia negar que havia pensado exatamente isso. O riso baixo dele soou no ar. Ergueu uma sobrancelha e provocou: — Karina, você é bem interessante. De onde vem essa confiança para acreditar que eu me prenderia a uma mulher que não sente nada por mim? Não há mais mulheres no mundo? Ou você acha que ninguém me quer? Karina ficou sem palavras. Claro que não
Como já estava no final da gravidez, não podia viajar de avião, então Karina comprou uma passagem de ônibus. Ia passar uma semana na Cidade L, e a bagagem não era pouca. Felizmente, Dr. Felipe cuidava bem de Karina e garantiu que ela escolhesse um ônibus mais confortável. Ao subir, encontrou seu assento, mas não conseguia carregar as malas sozinha. Pensou em chamar um comissário de bordo para ajudá-la. — Karina. — Sentiu um leve toque no ombro. Ao se virar, viu Túlio sorrindo para ela. — Túlio. — Karina também sorriu. — Essa mala é sua? — Sim. — Deixa que eu levo. — Túlio entendeu na hora e pegou a mala de Karina, acomodando ela no compartimento. — Obrigada. — Não foi nada. O mais surpreendente era que os assentos dos dois ficavam lado a lado. Uma coincidência e tanto. Karina sorriu: — Vou para a Cidade L participar de um congresso. Você está indo a trabalho? — Sim. — Túlio assentiu e explicou. — Estou tomando medicação, e o Dr. Amílcar me aconselhou a evi
Depois da reunião à noite, ao voltar para o hotel, Karina percebeu que algo não estava certo. Ela não parava de espirrar, o nariz escorria, e, ao tocar a testa, sentiu que estava quente. Provavelmente, havia pegado um resfriado... Ou pior, estava com febre. O que fazer? Ela estava grávida e não podia tomar remédios indiscriminadamente. Karina serviu um copo de água quente e começou a beber sem parar. Depois, se enfiou debaixo das cobertas, tentando suar para ver se conseguia baixar a febre. Aos poucos, acabou pegando no sono. O celular estava no modo silencioso, e assim, Karina adormeceu profundamente. ... Às seis horas, Ademir saiu da empresa e se preparava para ir ao Clube de Lazer Yayoi. Do lado de fora, a neve já começava a cair. Ao entrar no carro, recebeu uma ligação da Villa Verão. — Fale. — Sr. Ademir, é o seguinte: o Catarino precisa fazer um exame médico nos próximos dias. Como ele foi transferido recentemente para cá, gostaríamos de saber o login e a s
Ele realmente fez o que disse que faria. Túlio veio por conta própria ou foi Karina quem o chamou? Ao considerar essa segunda possibilidade, Ademir sentiu uma dor profunda no peito. Karina estava se sentindo mal, chamou Túlio, mas não disse nada ao Ademir? Ademir lançou um olhar gélido para ele: — Sr. Martins, a essa hora da noite, parado diante do quarto da minha esposa... Isso lhe parece apropriado? Túlio soltou um riso frio. Ele podia ver claramente que havia algo errado entre Karina e Ademir. Se o casamento deles estivesse bem, Karina jamais teria recorrido ao Túlio nesse momento! Erguendo levemente as sobrancelhas, ele provocou de propósito: — Não sei se é apropriado ou não. A Karina me chamou. Disse que estava se sentindo mal e precisava de cuidados. Ao ouvir isso, o olhar de Ademir se tornou ainda mais gélido. Então era verdade. Karina realmente havia chamado Túlio para vir até ali! Ele estreitou os olhos, neles, havia um brilho afiado como lâminas. — T
A voz dela também estava suave: — Eu acabei de tirar e deitei direto, não coloquei meias novas. Assim que terminou de falar, a mão do homem pousou na testa de Karina. Estava fria, mas muito confortável. Karina não conseguiu evitar e estreitou levemente os olhos. Ademir notou esse pequeno gesto, e aquilo lhe causou uma sensação inquietante. Seu coração coçava, e sua garganta também. Sem perceber, seu tom de voz ficou mais suave: — O médico chegou. Deixe ele dar uma olhada. Ele se virou para chamar o médico: — Venha. — Sim, Sr. Ademir. — O médico se aproximou e examinou Karina. — Ela pegou um resfriado, mas a febre não está alta. Como está grávida, é melhor evitar medicamentos. Pegou um frasco de álcool da maleta: — Passe no corpo dela e tente baixar a temperatura de outras formas. Além disso, use duas bolsas de gelo, uma na testa e outra sob as axilas. Isso deve ajudar. Se não resolver, aí sim recorremos ao antitérmico. Só isso? Ademir não estava convencido:
Fechando a porta, a testa de Ademir estava coberta de suor, e as veias em suas têmporas pulsavam sem parar. Só de pensar na cena de Karina nos braços de Túlio, Ademir sentia que ia explodir! — Ademir, você realmente não vale nada! Ele xingou a si mesmo em voz baixa. Karina estava doente, e ainda assim ele só conseguia pensar em fazê-la sua! Meia hora depois, Ademir saiu do banheiro. Os itens que ele pediu ao hotel já haviam sido entregues: uma bolsa de gelo e chá de gengibre. Com delicadeza, ele colocou a bolsa de gelo sobre a testa de Karina, pegou a xícara de chá e, com um canudo começou a dar para ela aos poucos. Doente, Karina estava muito obediente. Quando ele pedia que ela bebesse água, ela bebia. Até mesmo quando ele usava álcool para limpar sua pele, ela cooperava sem resistência. Mas, no fim, quem acabou se desgastando foi Ademir. No entanto, seus cuidados surtiram efeito. Na segunda metade da noite, Karina já não parecia tão desconfortável. Encostada no tr