Durante o horário de expediente, não era possível entrar nos quartos dos pacientes.Túlio caminhou por um tempo em frente ao prédio de cirurgia, antes de decidir seguir para o pronto-socorro. Ele pensava que, com sorte, Karina poderia estar de plantão no setor de emergência naquele dia.Primeiro, ele foi ao pronto-socorro, mas não a encontrou lá.Depois, se dirigiu à clínica ambulatorial. E, como um sinal de sorte, lá estava ela, Karina.Quando a enfermeira chamou o próximo paciente, a porta se abriu, e Túlio pôde vê-la sentada, perguntando com atenção sobre os sintomas dos pacientes. Às vezes, ela estava em pé ao lado da maca, fazendo um exame físico.Karina estava tão concentrada e dedicada, parecia estar com boa disposição, sem mostrar sinais de preocupação. Tudo parecia bem.Túlio pensou consigo mesmo: "Será que a raiva do Ademir é só contra mim e não afetou a Karina?" Se fosse assim, Ademir ainda poderia ser considerado um homem.Mas, mesmo assim, Túlio não ousou ir embora sem t
— Foi por causa de vocês que o Ademir quis a Karina, mas agora não a quer mais! Túlio ficou rígido, como se o chão sob seus pés tivesse sumido. Então, era ele quem havia causado o sofrimento de Karina. Agora que sabia disso, Túlio não podia simplesmente ignorar a situação. Ele precisava encontrar Ademir e explicar tudo. O que fazer? Ir até o Grupo Barbosa? Mas Ademir certamente não o receberia ali. Então, o único jeito era esperar. Na manhã seguinte, assim que o dia começou a clarear, Túlio se dirigiu ao Grupo Barbosa. No entanto, até as dez horas da manhã, ainda não havia encontrado Ademir. Será que Ademir havia passado a noite no escritório? Túlio perguntou à recepção, que, pensando que ele estava lá para questões de trabalho, respondeu diretamente: — O senhor não vai encontrar o Sr. Ademir, ele não veio trabalhar hoje. Não veio trabalhar? — Então, para onde ele foi? — Desculpe. — A recepcionista sorriu e balançou a cabeça. — Não podemos revelar essas inform
— Segundo irmão! — Sr. Ademir! Neste momento, Júlio e o chefe da Corporação EDP finalmente chegaram. Ao verem aquela cena, se assustaram primeiro, mas logo correram para frente. Cada um agarrou um dos envolvidos e os separou.— Solta! — Ademir estava com os olhos injetados de raiva, sem se importar com mais nada. — Hoje, eu vou matar ele! Túlio também estava fora de si: — Venha! Se você não me matar hoje, eu vou te desprezar! O chefe da Corporação EDP segurou Túlio: — Sr. Martins, por favor, pare de falar. Olha o estado em que você está! — Júlio, me solte! — Segundo irmão... — Júlio sorriu amargamente, balançando a cabeça. Naturalmente, não poderia soltar. Tinha medo que Ademir não controlasse a força e machucasse alguém de verdade. — Vou chamar a segurança e fazer ele ser levado, tudo bem? — Não! — Não precisa! Ambos gritaram ao mesmo tempo, parecendo dois cães raivosos... Ou melhor, cães completamente fora de controle.O chefe da Corporação EDP e Júlio ficaram s
Karina, usando máscara e luvas, saiu para receber os pacientes. — O que aconteceu? — Foi ferido no peito por um chifre de boi! — Mas isso é no abdômen! Karina acenou com a cabeça e disse: — Leve ele para dentro, avise a enfermeira para liberar a passagem e informe ao centro cirúrgico para preparar a mesa de operação. Eu vou coletar o sangue, e assim que os resultados saírem, avise o banco de sangue para preparar a transfusão! — Certo! Embora Karina estivesse com a barriga já bem grande, ela não demonstrava fraqueza alguma. Suas ações eram rápidas e precisas, sem nada que a diferenciasse de qualquer outra pessoa em boas condições físicas. Quando Ademir chegou, viu apenas Karina se virando e entrando pela porta dos fundos da emergência, que se fechou rapidamente atrás dela. O momento de chegada de Ademir foi, ao mesmo tempo, uma sorte e uma infelicidade. Ele só pôde se sentar no banco da sala de espera e aguardar por Karina. Não demorou muito até ela sair novamente.
Já não havia mais o choque inicial; Karina foi lentamente se acalmando. Ela não respondeu de imediato, mas sorriu e perguntou ao Ademir: — Por que está me perguntando isso? Vendo a reação de Karina, Ademir já estava praticamente convencido de que ela realmente havia sido injustiçada. Depois de terem sido casados, Ademir ainda a entendia, pelo menos um pouco. Só não sabia se deveria ficar aliviado ou triste. Ademir a observava com atenção: — Eu só quero saber a verdade. O quê? Karina sentia um sorriso querendo escapar, e logo não conseguiu mais segurar. Ela riu, uma risada leve, mas cheia de significado. — Karina. — Ademir franziu a testa, tentando controlar o desconforto. — Desculpe. — Karina fez um esforço visível para controlar a risada e, com um tom incisivo, mudou de assunto. — A situação já está bem clara, Sr. Ademir. O que exatamente você quer fazer? Quer saber a verdade? Mas você já tem a resposta, não tem? — Eu sei. — Ademir franziu ainda mais o cenho,
Mas, sob os pés de Ademir, parecia haver um peso imenso, tornando seus passos difíceis e lentos. Karina não gostava de Ademir, e havia pensado em diversas maneiras de se afastar dele. No entanto, tentar retê-la à força era algo sem sentido. Um homem responsável deveria ser capaz de lidar com essa relação de forma tranquila e madura. Se, ao se afastar de Ademir, Karina fosse mais feliz, então ele deveria permitir que ela fosse feliz! Neste mundo, quem não poderia viver sem o outro?...Dois dias se passaram e a vida seguiu seu curso normal. Karina realmente acreditava que, naquele dia, Ademir só havia ido pedir desculpas, sem outras intenções. Ela foi gradualmente se tranquilizando. Naquela tarde, Karina estava carregando vários prontuários médicos que havia corrigido e estava prestes a entregá-los ao setor de prontuários. Quando o elevador parou no andar, as portas se abriram, e Karina congelou por um momento. Havia alguém dentro. Não eram outros, mas Ademir e Vitória, com Vit
Às cinco horas, a chuva começou a cair.Ademir saiu do elevador, com o semblante sério e tenso. Hoje, Vitória havia feito exames, e os resultados não eram bons...Chegando à entrada do prédio, ele avistou Karina sob o beiral da casa. Parecia que ela não havia trazido guarda-chuva e estava se protegendo da chuva.Depois de hesitar por um momento, Ademir se aproximou e se posicionou ao lado de Karina:— Não trouxe guarda-chuva? Ao ouvir a voz, Karina olhou para cima e sorriu, assentindo levemente. — Pois é. — Você vai para a Rua de Francisco Antônio? — Sim. — A chuva está forte, eu te levo. O carro de Ademir estava estacionado no estacionamento subterrâneo, e se fosse com ele até lá, ela não se molharia.— Não precisa! — Karina recusou, rapidamente. O semblante de Ademir, normalmente tão calmo, se fechou um pouco, e ele demonstrou certo desagrado. — Por que não? Só porque ainda não sou seu ex-marido, você vai recusar até uma carona? — Não é isso... — Karina parecia um
Isso explicava o conceito que Catarino tinha sobre o pai dele, que era extremamente frágil. Naquele momento, Karina assentiu com a cabeça:— Isso mesmo, o papai do Catarino... O Catarino tem um papai. Todo mundo tem seus próprios pais.Catarino ficou em silêncio, visivelmente confuso.Karina não pressionou o garoto, esperando pacientemente até que ele começasse a entender.Depois de um longo tempo, finalmente, Catarino falou.— O Papai e a mamãe morreram?Ao ouvir isso, Karina ficou paralisada. Um nó apertou em seu peito.— Catarino, por que você pensa assim? A sobrancelha de Catarino se franziu ainda mais.— Porque eles não vêm ver o Catarino...O coração de Karina ficou ainda mais apertado, seus olhos imediatamente se umedeceram.Karina se arrependeu! Ela não deveria ter perguntado aquilo!Lucas não encontrou um doador de fígado, mas aquilo era apenas o destino dele! Lucas ignorou seu próprio filho, e foi isso que fez o pequeno Catarino acreditar que o pai já havia morrido!Karin