Simão olhava para a porta de dentro do carro, sentindo um frio intenso que talvez fosse causado pela chuva que tomou.
Durante todo esse tempo, o que mais sentia por Patrícia era culpa, muito mais do que tristeza.
Sempre acreditou que a via como sua melhor amiga, como via Karina ou Túlio, sem nenhuma diferença.
Mas só agora, ao vê-la com Filipe, ao ver Filipe agir como o dono da casa, recebendo ele com cordialidade e até gratidão...
Ele sentiu uma dor tão profunda e uma tristeza tão estranha, como nunca havia sentido antes.
Foi como se um terremoto tivesse rasgado seu coração, deixando a pele da ferida cheia de fissuras.
Ao fechar os olhos, as lembranças do passado despencaram sobre ele como pedregulhos desprendidos por esse abalo sísmico, atingindo sua cabeça, ferindo seu corpo, cobrindo ele de sangue.
Afinal, ele também sabia o que era dor.
Afinal, ele não tratava Patrícia da mesma forma que tratava Túlio...
Se fosse o mesmo, ao receber seu perdão, ele teria apenas ficado aliviado, nã